O ator britânico Dirk Bogarde foi alertado pelo MI5 sobre um possível plano de ‘armadilha’ gay do KGB, conforme revelam documentos recém-desclassificados. Os arquivos de inteligência indicam que Bogarde, que faleceu em 1999, estava em uma lista de ‘seis homossexuais britânicos praticantes’ que havia sido repassada aos russos, o que o deixou ‘visivelmente perturbado’. O MI5, no entanto, considerou que ele era um homem ‘tímido e sério’, pouco propenso a cair em qualquer operação do KGB.
Embora nunca tenha se assumido publicamente como gay, Bogarde teve um relacionamento de longa data com seu gerente, Anthony Forwood. Ele ganhou fama como ídolo de matinê em filmes como ‘Doctor in the House’ (1954) e outros da série ‘Doctor’, mas também se destacou em papéis mais sérios, especialmente em filmes com temas gays, como ‘Victim’ (1961) e ‘Death in Venice’ (1971). Sua atuação em ‘Darling’ (1965) ao lado de Julie Christie lhe rendeu o prêmio BAFTA de Melhor Ator.
Os arquivos revelam que, em 1970, o MI5 soube que Bogarde havia sido identificado como gay para o KGB por um homem que havia se envolvido em uma armadilha dos russos durante uma visita a Moscovo no final da década de 1950. Além disso, um desertor do KGB informou que um ator britânico jovem havia sido alvo de uma possível tentativa de recrutamento na capital russa.
O MI5 não conseguiu descobrir evidências de que Bogarde tivesse visitado a Rússia, mas, preocupado, enviou um oficial para entrevistá-lo no consulado britânico em Nice. Durante a conversa, Bogarde demonstrou uma mistura de raiva e preocupação ao ouvir sobre o relatório de sua homossexualidade, considerando-o absurdo. Ele enfatizou que, aos 50 anos, era capaz de se comportar de maneira responsável e não compreendia como o KGB obteve tal informação.
Embora os atos homossexuais tivessem sido descriminalizados na Inglaterra em 1967, os homens gays ainda enfrentavam discriminação e preconceito. O oficial do MI5 relatou que Bogarde estava claramente incomodado com a situação. Após sua carreira no cinema, Bogarde se estabeleceu no sul da França, onde se tornou escritor, publicando romances e memórias. Sua saúde deteriorou-se após a morte de Forwood, e ele faleceu em 1999, aos 78 anos, após complicações de saúde.
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