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Dolce & Gabbana e revista Junior são temas de apresentação em encontro universitário

Duas palestras realizadas na tarde de sexta-feira (04/09) no Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual (Enuds), em Belo Horizonte, trataram de temas ligados ao cotidiano do mundo gay: a grife Dolce & Gabana e as revistas Junior e DOM.

O pesquisador Pedro Sampaio de Souza analisou as revistas Junior e DOM (esta última não mais em circulação) em seus respectivos lançamentos e um ano após a primeira publicação. O interessante é que ele se pautou na perspectiva dos jornaleiros que venderam essas revistas.

Segundo Pedro, tanto Junior quanto DOM foram consideradas em um primeiro momento revistas de pornografia gay, pois "o lacre os impedia de saber do que se tratava realmente o conteúdo". Um ano depois essa visão mudou. "Hoje a Junior é considerada uma revista de musculação e comparada com a Trip e com a Capricho", afirmou ele. Já a DOM é "uma revista séria e que fala de beleza masculina".

Pedro de Souza identificou algumas diferenças entre ambas as publicações. Para ele a primeira "fala a linguagem da comunidade gay, se utiliza de gírias do mundo homossexual". Em seu entender isso cria proximidade com o leitor. Já a DOM possui uma linguagem "universal e mais próxima dos héteros". "Prova disso é que os jornaleiros não classificam a revista como sendo gay", observou.

Sobre as capas, o acadêmico disse que a Junior retrata a "beleza grega" e prefere "rostos desconhecidos". Para ele isso também a aproxima mais do mundo gay. Coisa que não acontecia com a DOM. "Ela prefere rostos de celebridades, coisa típica da cultura heteronormativa, o que a torna uma revista universal e não gay".

As cores também foram objeto de pesquisa. "Junior abusa bastante das cores e podemos fazer uma relação com o arco-íris e com o ideal de juventude". "A Dom é clean e mais sóbria, fazemos a leitura que se trata do gay dentro do armário: discreto e sério", comparou.

Por fim ele reparou os ensaios fotográficos. "Quando a revista DOM coloca os preços (das peças) ela exclui, pois o cara tem a certeza de que não pode ter a jaqueta ali fotografada". Em seguida ele explicou que o fato da revista Junior não colocar o preço trabalha com a imaginação do leitor. "Ele não sabe quanto custa, então ele alimenta um desejo, a roupa se torna possível, mesmo que no imaginário. E isso é uma forma de inclusão", finalizou.

Dolce & Gabana
O pesquisador Edilson Brasil de Souza Júnior estudou a representação do homem gay nas publicidades da grife Dolce & Gabana e como ela coloca o sujeito gay como feminino e subalterno. Para o estudioso será sempre o "olhar heterossexual que irá determinar os limites do homem gay na publicidade".

Em um segundo momento, Edilson analisou algumas publicidades da grife que circularam em revistas gays e heterossexuais em 2007 e 2009. O acadêmico relaciona a posição do homem gay nas publicidades com a mulher nos filmes pornôs. "A mulher no filme pornô será sempre a de subalterna", analisou. Ao colocar uma foto da D&G onde havia um homem seminu com uma cobra em seu peito, o professor disse que o corpo do homem gay não pode ser tocado. "Ele não tem dignidade e é subalterno", explicou.

Edilson também afirma que o homossexual masculino quase sempre será feminilizado nas representações publicitárias. "As cabeças dos modelos estão inclinidadas, gestos femininos e roupas mais delicadas. Já os homens héteros estão completamente vestidos e com gesto mais másculos."

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