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Dourado é armadura para gays enrustidos

O Brasil é um país quente, hospitaleiro, receptivo. Assim somos vendidos lá fora para os gringos que vêm desfrutar das belezas naturais e humanas que temos. O Brasil também é conhecido por ser um país sexual, com muito calor humano, um país-continente que respira sexo.

Temos também a fama de sermos mente aberta com relação ao sexo, que aqui pode tudo, se aceita tudo, afinal as mulatas sambam na televisão, apresentadoras de televisão dão selinhos entre elas despudoradamente, milhares beijam-se durante as Paradas Gays.

Mas não podemos esquecer que o Brasil é um país bastante controverso, com diferenças gritantes entre o discurso e a prática e assim vemos pesquisas como a publicada pela Folha de São Paulo no domingo, 21/2, onde apenas 2% dos entrevistados se declaram homossexuais.

Quem lê sabe que aos quatro ventos é declarado que a população homossexual do país está próxima de 10% da população. Esta mesma pesquisa diz que estudos internacionais afirmam que entre 7% e 12% da população tem orientação homossexual e aí fica esse abismo entre o discurso e a prática. Onde estão esses 8% ou 10%?

A resposta para esta pergunta é bastante simples. Basta acessar chats para constatar que a grande maioria não assume sua orientação sexual de maneira correta, são os gays que sofrem da maldita homofobia internalizada, que depõe contra a própria classe e se escondem para se proteger.

São os mesmos gays que criticam a afetação do Serginho, que colocariam o garoto para fora do programa caso ele estivesse no paredão. Conheço pessoas que já disseram que contratariam empresas para ficarem ligando e votando contra o moço.

Mas se de um lado a afetação do Serginho incomoda essas pessoas, do outro lado, o comportamento grotesco do Dourado é visto como uma espécie de armadura contra a homossexualidade. Amplificar as opiniões homofóbicas do lutador é uma forma de se defender, de mostrar para a sociedade que eles são diferentes do Serginho, que não são afetados, para não ter a imagem vinculada ao garoto, que particularmente eu acho uma figura ímpar.

E se não ser afetado é um ponto positivo dentre muitos homossexuais, imagine só colocar uma peruca vermelha, salto alto e sair por aí animando festa. Esses homossexuais não querem ver a Dimmy na televisão porque a sociedade vai colocá-los no mesmo balaio perante a sociedade, o mesmo motivo leva-os a colocar o Serginho para fora, em um possível paredão, é o medo de se ver representado por alguém totalmente liberto de preconceitos com relação à sexualidade.

E o que revolta é saber que muitos gays se posicionam a favor dos preconceituosos apenas para não atrelarem suas imagens ao gay afetado, montado. É revoltante saber que mesmo com as entidades gays do mundo todo repudiando suas falas homofóbicas, Dourado terá votos desses gays, daqueles gays que tem problemas com sua sexualidade e usarão um fortão como escudo para a sociedade. Sem contar àqueles que querem continuar vendo o corpão dele na televisão, mas essa é outra discussão.

Entrevista: Leonardo Ponto

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