Ferrenho defensor do projeto ‘Escola Sem Partido’, que visa coibir debates políticos em sala de aula, sob alegação de que as escolas induzem os alunos a uma doutrinação marxista/esquerdista (sic), o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), deleita-se no Facebook em uma publicação onde compartilha um vídeo gravado em uma escola estadual de Manaus, comandada pela Policia Militar, onde alunos do terceiro ensino do ensino médio, com as mãos para trás, são obrigados a entoar, em coro que ‘Bolsonaro é o salvador da nação”. “Convidamos Bolsonaro, salvação dessa nação / Nos quatro cantos ouvirão completa nossa canção”. Pleiteando a presidência da República em 2018, Bolsonaro se fez presente no Colégio Waldocke Fricke de Lyra, onde foi ‘convidado’ pelos alunos a comparecer na formatura deles: “Gostaríamos que o senhor pudesse nos honrar com a sua presença em nossa formatura militar”. “Nossa convite deve-se a sua trajetória ética e o seu compromisso com a educação”, diz outra estudante. Assista abaixo: Para o deputado, esse é “um exemplo de ensino deveria ser adotado em todas as escolas públicas do Brasil”. Pelo visto, o parlamentar gosta de ser bajulado e exaltado, pouco importa se é doutrinação ou não. Porém, para Glen Wilde Freitas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a iniciativa trata-se de uma “doutrinação nazifascista de crianças e adolescentes”. “É igual ao que se fazia nas escolas alemãs dos anos 1930”, completa. Ao dizermos que os alunos foram “obrigados” a saudar o deputado com tamanha lisonjeira, a reportagem baseia-se no depoimento de um aluno do colégio nas redes sociais, onde o mesmo alega jamais ter sido consultado pelos diretores se gostaria ou não de tratar Bolsonaro como herói e, ainda, afirma ter ficado calado, assim como tantos outros alunos. “Simplesmente não abri minha boca como muitos, escola doutrinada. A comissão de formatura em nenhum momento veio me perguntar se era a favor de fazer o vídeo, simplesmente obrigaram, depois ficaram dizendo que a maioria concordou, só não falo mais porque ainda estudo nessa instituição, não temos mais direito de definir nossa posição política, desabafou. De acordo com Freitas, já foram recebidos relatos de alunos expulsos da instituição por reclamar da doutrina rígida da escola militar. De acordo com jornal Folha de S.Paulo, a Policia Militar negou se pronunciar sobre o assunto. Bem como o deputado estadual Platiny Soares (DEM), aliado de Bolsonaro e autor de um projeto de lei inspirado no projeto Escola sem Partido, que não respondeu aos pedidos da reportagem. PS: Por se tratar de um site LGBT, voltado para esse público, A Capa se reserva ao direito de se posicionar totalmente contrária ao deputado Jair Bolsonaro, conhecido por suas declarações preconceituosas e carregadas de ódio aos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, bem como a outros setores minoritários da sociedade. Nos reservamos a qualquer critério de isenção, “inerente” ao exercício do jornalismo. Sempre, independentemente de quem seja, seremos contrários àqueles que são contrários à liberdade individual do indivíduo motivada por questões pessoais e religiosas.