Gosta de programa de culinária? De drag queens? Tem simpatia pela alimentação vegana ou vegetariana? Pois o programa "Tempero Drag" vai suprir aquele espaço vazio na barriga de uma maneira divertida, inteligente e muito saborosa.
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Apresentado pela drag queen Rita Von Hunty – uma das revelações da primeira edição do reality show Academia de Drags – o programa traz sempre uma convidada especial e receitas de dar água na boca.
Os pratos apresentados sempre levam um "drag name", aborda a vida da personagem, que é mãe de 16 filhos e se preocupa em falar sobre alimentação vegana.
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Detalhe: O ator gatinho que dá vida à Rita é Guilherme Terreri, natural de Ribeirão Preto e radicado em São Paulo desde 2011. Ele cursa letras na USP, é formado em Artes Cênicas e é vegetariano de carteirinha.
Abaixo, um bate-papo sobre a produção:
– Como surgiu a ideia do Tempero Drag?
É uma ideia antiga, mas repaginada. Sempre brinquei com amigos de apresentar um programa quando estava cozinhando – porque eu amo cozinhar. Um dia depois da festa Priscilla, depois da Academia, os meninos da produtora Take One vieram falar comigo sobre um programa. Na hora, pensei que era brincadeira, mas daí disse que queria fazer um programa de culinária. E eles já começaram a dar risada.
– Rita é uma dona de casa dos anos 50. Se inspirou em alguém?
O sotaque e a inspiração é da Julia Child (1912-2004) – uma das primeiras a ter um programa de culinária na TV dos anos 60. Ela falava desse jeito (imita) e tinha aquela coisa de ser desastrada na cozinha, apesar de cozinhar maravilhosamente bem. – veja foto dela ao lado.
– Das culinaristas brasileiras você não traz nada?
A Palmirinha também tem alguma coisa que eu pego, mas é uma referência que acaba sendo pano de fundo. Eu sou apaixonado pela Bela Gil, mas não consegui trazer nada, porque ela é super séria. E o tom do Tempero Drag é falar de saúde, de cozinha alternativa, culinária vegana, mas sempre pautado no bom humor.
O figurino é da Rita, são peças que ela usa quando vai tocar de DJ. Quando vai fazer performance, é outra roupa. Ela é uma dona de casa de cerca de 30 anos, tem a pronúncia italiana e pensei que ela deveria ter 16 filhos. Um dos meninos da produtora é o Rupert, que é daqueles fortões de academia, que namorava outro fortão. Então a ideia é que os filhos dela também tivesse esse apelo sexual. Daí também surgiu a ideia de ela ser maldosa e judiar dos funcionários…
– Tem um momento em que ela deixa a menina do áudio trancada na geladeira, né (risos)?
Isso (risos). Tem o momento que a Rochelle chega ao camarim e ela diz: "Detesto essa menina". Mas daí ela chega e a Rita diz: "Oi, querida, meu anjo…". Mas quando vê que o leite não é de soja, ela joga na cara da menina.
– Você é vegano, mesmo?
Sou vegetariano, porque não aboli derivados do leite, às vezes como ovo, mas faço questão de consumir o menos possível. Ser vegano em São Paulo é mais fácil que em outros lugares, mas a gente precisa de tempo e gostar de cozinhar. Hoje, por exemplo, é quase meio dia e eu tomei um chá, uma maça, uma torrada, tudo sem ingrediente de origem animal. No almoço, vou fazer batata e lentilha e talvez termine o dia e eu tive uma alimentação vegana.
– Por que abordar a questão vegetariana/ vegana em um programa de drag?
Não teria como não falar. A gente vive um holocausto animal, em que estes seres vivos que estão em forma de animal estão sendo explorados de maneira cruel. Qualquer pessoa que assistir aos vídeos a Carne é Fraca ou que jogar no Google como acontece a criação de um frango na granja vai se sensibilizar. Ainda existe uma ilusão das pessoas em relação aos alimentos.
– Qual é o prato que você mais gosta?
Eu sou alucinado por berinjela, no bom sentido (risos). E adoro lasanha de berinjela. Não gosto muito de doce, sou mais fã do sabor apimentado. Acho que uma coisa que me contempla é o cuscuz marroquino, que eu faço em casa.
– Você ficou conhecida depois do Academia de Drags. Como foi participar?
Foi demais! Eu encaro o programa como uma ação social, pois o Brasil é muito carente de projetos como este, com uma abordagem consciente e com conteúdo de temática LGBT. É um projeto independente, sem patrocínio e um produto nacional. Foi uma experiência incrível e que deu a oportunidade de mostrar o meu trabalho a outras pessoas.
– Muitas drags são amadrinhadas por outras. Você também teve uma madrinha?
Tive e não tive. Quando comecei a me montar, uma pessoa que foi fundamental foi a Tiffany Bradshaw. A gente foi na 25 de março, ela me deu dicas do que comprar e do que não comprar, quais marcas… E a gente se montou juntas umas duas vezes. Ela foi uma pessoa que me encaminhou quando eu estava engatinhando, mas depois eu comecei a me virar sozinho. Mas tenho a inspiração em várias drags, como a Alexia Twister, as Deendjers, de Curitiba, a Carmem Carrera…
– Para finalizar, qual é a dica que daria para os leitores do A CAPA?
É o suco "Acorda Viado". É uma boa alternativa principalmente pela questão verde. Se você não mora com a família, comer salada fica mais complicado, até porque muita gente tem restrições de comer em restaurante. Então se pudesse dar uma dica é tomar o "Acorda Viado" no café da manhã. Acorda mesmo (risos)!
Rita, Alexia, a equipe do programa e o suco "Acorda Viado"