No dia Mundial de Combate a Aids, o Ministério da Saúde informa que a doença vem crescendo entre jovens de 15 a 24 anos, sobretudo os do sexo masculino. E que os homens gays ou HSH ainda representam o grupo-chave para a prevenção.
Isso porque na população em geral são quatro infectados em cada mil pessoas. Já entre os gays com vida ativa o número é 20 vezes maior: 100 em cada 1000. Além disso, 150 mil pessoas não sabem que tem a doença e não se cuidam.
+ "Luta contra preconceito é maior que luta contra aids", diz João Netto
Em reportagem do Fantástico, o médico Drauzilo Varella afirmou que o aumento entre os jovens se dá porque eles não viram ídolos morrerem de aids e acham que, caso se infectem, é só tomar os medicamentos e levar a vida tranquilamente. "Não está tudo bem. É uma doença grave, vai ter que tomar remédio pelo resto da vida e esses remédios provam efeitos colaterais".
O médico afirma que a camisinha ainda é o número um para a prevenção. Informa que a PEP (profilaxia pós-exposição) ajuda emergencialmente quem transou sem camisinha e correu o risco em até 72h (o tratamento dura um mês) – que podem ser obtidos pelo Sistema de Saúde. E classificou a PREP – profilaxia pré-exposição – como uma "revolução na prevenção".
"Ainda não existe cura para quem tem HIV, mas a esperança pode estar em quem não tem o vírus. Um único comprimido, que, tomado rigorosamente durante todos os dias, previne a transmissão do HIV em até 92% dos casos. A profilaxia pré-exposição, ou PREP, já é uma realidade nos Estados Unidos, mas ainda está em estudos no Brasil", declara Drauzio.
+ Homens postam foto tomando banho em desafio contra HIV
Na reportagem, ele explica que o remédio já fazia parte do coquetel para o tratamento dos portadores do vírus, mas que os cientistas descobriram que ele também funcionava em quem não tinha o vírus, mas de uma forma diferente: criando uma barreira de proteção e impedindo o HIV de se instalar nas células da pessoa.
Enquanto a PREP ainda passa por pesquisas na Universidade de São Paulo e da Fiocruz, no Rio de Janeiro – o que pode levar dois anos – Drauzio afirma que a PREP não exclui o uso da camisinha.
+ Quando a homofobia e a transfobia afetam os heterossexuais e cisgêneros
"O remédio só consegue evitar a transmissão do HIV, e mesmo assim não é 100% seguro. Não existe choro, tem que usar camisinha. Até porque existem outras doenças sexualmente transmissíveis, como a hepatite B, que pode ser fatal. A ciência faz a parte dela, mas você tem que fazer a sua. Camisinha sempre".
Além disso, ele afirma que quanto mais cedo foi decoberto o vírus – gratuitamente pelo sistema de saúde – mais rápido pode iniciar o tratamento, também gratuitamente.