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Drauzio Varella é alvo de ataques após abraçar detenta trans em reportagem

Drauzio Varella

Foto: reprodução

Tem sido imensa a repercussão da reportagem do Fantástico (TV Globo), exibida em 1º de março, em que Drauzio Varella mostra como é a vida de mulheres trans detentas.

A história de Suzy Oliveira, que cumpre pena na Penitenciária I José Parada Neto, em Guarulhos, na Grande São Paulo, foi particularmente ressonante. Ela contou ao médico e comunicador, com nítida tristeza no olhar, que não recebe visitas há oito anos. Varella reagiu dando um abraço em Suzy.

A atitude dele gerou incontáveis comentários elogiosos nas redes sociais – bem como Suzy comoveu várias pessoas e, até a última sexta-feira (6), já recebeu mais de 230 cartas -, mas foi o suficiente para o médico ser alvo de baixos ataques conservadores vindos tanto das redes digitais quanto até de políticos do governo Bolsonaro.

R7, site do grupo Record – apoiador declarado do atual presidente e controlada por bispos da Igreja Universal do Reino de Deus -, publicou no último domingo (8) uma matéria que levanta o passado de Suzy.

De acordo com o veículo, a detenta cumpre pena por ter estuprado e assassinado uma criança em 2010. As informações foram confirmadas pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

Além de revelar o nome masculino de batismo da reeducanda, o R7 entrevistou uma “tia” da mesma. Embora não informe o nome da parente, segundo o R7 a tia lhes contou que, quando criança, Suzy “roubava, mentia, não ia para escola” e depois de completar 12 anos, começou a praticar roubos usando armas e a fumar maconha.

Em seguida, Varella divulgou um comunicado: “Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico”.

O médico afirmou na nota que segue os mesmos princípios em seu trabalho na televisão. Ele não perguntou a nenhuma das detentas trans sobre o passado delas. “Sou médico, não juiz”, concluiu.

Nesta segunda-feira (9) está nos trending topics do Twitter a #DrauzioVarellaLixo, em que vários perfis atacam o médico xingando-o e buscando tirar legitimidade de seu profissionalismo e até de sua empatia por Suzy.

Abraham Weintraub, Ministro da pasta de educação do governo Bolsonaro, também juntou-se ao triste grupo de pessoas e fez duras acusações a Varella e à Globo – e inclusive propôs boicote à emissora.

Onde vamos parar?

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