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Duas pesquisas traçam o perfil dos freqüentadores da Parada de São Paulo

Quem são aquelas pessoas que no feriado de Corpus Christi percorrem a Avenida Paulista pedindo o fim da discriminação contra gays, lésbicas e afins? No resto do ano, eles vão a que banco? Será que já foram vítimas de violência? Conhecem as leis que defendem seus direitos? Essas e outras perguntas foram respondidas em duas pesquisas feitas no ano passado e divulgadas agora em abril. A primeira, encomendada pela Associação da Parada ao Criterium Assessoria em Pesquisas, revelou que 67% dos GLBTs já sofreram algum tipo de preconceito devido a sua orientação sexual. O mais alarmante é que, desses, 59% relataram que já foram discriminados mais de uma vez. “Os resultados reafirmam índices consistentes sobre a incidência de discriminação e agressões motivadas pela sexualidade, também observados em pesquisas realizadas anteriormente”, diz Regina Facchini, vice-presidente da APOGLBT. Engana-se, porém, quem pensa que são os estabelecimentos comerciais que mais discriminam. A pesquisa mostrou que 29% do preconceito vem de amigos ou vizinhos; 29% da faculdade; 26% da família; e 21% dos colegas de trabalho. A maioria das agressões (54%) é verbal, mas 15% já sentiu no corpo a intolerância. Só 11%, no entanto, levaram o caso à polícia. “A maioria dessas pessoas sente medo de ser novamente discriminado quando for registrar queixa”, diz o sociólogo João Paulo Athaíde, responsável pela outra pesquisa, feita pela Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo (CADS). Os dados sobre violência e discriminação nas duas pesquisas são muito semelhantes e, por isso, levam a crer que há uma necessidade forte de serem formuladas políticas públicas de combate à homofobia. Pink money A pesquisa da Cads trouxe também números curiosos sobre o perfil do consumidor GLBT. O Bradesco foi escolhido como o principal banco dos gays que vão para a parada. Visa e Mastercard são os cartões de crédito mais utilizados. A maioria chegou até a Paulista de metrô, meio de transporte mais rápido e fácil para se chegar à região. E mais de 85% utilizam a Internet, grande parte mais de cinco horas por dia. Na pergunta sobre oportunidades de lazer e compras utilizados pelos entrevistados durante o evento, os participantes escolheram, nesta ordem: boates, encontros de grupos GLBTT, bares e restaurantes, festas organizadas por grupos particulares, espaços destinados à comunidade GLBT, festas organizadas pela prefeitura, cinema, lojas de shopping, feiras de artesanatos e antiguidades, parques, teatro, lojas de rua, hipermercados, museus e saunas. O fato é que esses números devem ajudar na formulação de estratégias políticas ou comerciais para o segmento gay, o que irá permitir novas oportunidades de emprego, geração de renda e diversão. Ninguém mais pode dizer que “faltam números”. *Ferdinando Martins é jornalista e colaborador do site A Capa

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