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Dyke no divã: A opressão

Olá mulheres queridas deste Brasil! Nós que somos mães, filhas, amantes, namoradas, irmãs, amigas, e… Ah, tudo o mais que nos couber, somos também as renegadas, as que transgredimos as leis divinas, as que levamos o pecado para dentro dos corações.

Pois é, ainda vivemos sob o julgo de religiões e culturas que nos veem assim, e por mais que muitas de nós não nos subjuguemos a estas leis, somos involuntariamente obrigadas a carregá-las como uma imposição, simplesmente por sermos mulheres. Hoje quero falar um pouco sobre isso, sobre essas leis que nos impingiram como certas e que nos fazem muito mal.

Nós mulheres temos que pagar o preço por Adão ter sido levado ao pecado e por este motivo nosso mundo não ter sido para sempre um paraíso. Por sermos mulheres fomos queimadas aos milhares em fogueiras erguidas em praça pública, porque achavam que éramos bruxas somente porque tínhamos (e ainda temos) o dom de dar a vida e de preservá-la. Por sermos mulheres arrancam nossos clitóris quando meninas para que não precisemos sentir qualquer prazer nessa vida e assim possamos dizer “amém” a todos os homens que queiram nos usar. Somos vendidas nas esquinas dos faróis, mal completados 10, 11 anos de idade, para satisfazer a homens, que mal deveriam ser chamados de humanos. Sem contar, ainda, as menininhas que são abusadas diariamente por seu país, tios e irmãos: ficam lá, solitárias em seus desesperos íntimos, sem poder recorrer a ninguém, com medo da violência dar cabo de suas vidas.

Meu discurso não tem a intenção de ser feminista, amigas, quero apenas desabafar um pouco e discorrer sobre o que vejo todos os dias em minha vida. Não vejo só mulheres que são reprimidas por sua condição de lésbicas, mas vejo todas nós, que de uma forma ou de outra permitimos ser oprimidas por uma sociedade da qual também fazemos parte. Onde está nossa vergonha e nosso amor próprio? O que foi que todos estes anos, séculos, milênios fizeram a nossa mente?

É por isso que quero auxiliar a cada uma de vocês que chegam até mim com suas histórias de vida de opressão, porque não há mais espaço nem condição para que continuemos a permitir esse ódio a nossa feminilidade. Devemos nos unir, respeitando-nos na nossa condição de mulheres, sendo cada uma de nós lésbicas, bissexuais ou heterossexuais, afinal, a quem importa com quem dormimos ou fazemos amor senão a nós mesmas?

Para nos afirmarmos, acredito que primeiramente temos que ter orgulho de nosso sexo, de nosso corpo e de nossas potencialidades enquanto fêmeas. O respeito surge quando nos damos o devido respeito. Achei engraçada a resposta de uma amiga a uma colocação de um sujeito que passava um dia ao nosso lado e gritou, quando já estava meio longe: “Sapatão!”
Ela sem pestanejar gritou de volta: “Sou mesmo, e com orgulho!”

O cara não teve coragem de dizer quando estava ao nosso lado e se incomodou. Provavelmente porque não foi paquerado, acabou sendo agressivo e bobo. Que perda de tempo! Às vezes é melhor rir para não chorar, e se estivermos rindo também nos livrarmos de todas essas culpas que nos foram impostas, seja dando um basta a opressões de qualquer forma ou transando com a mulher que amamos, estaremos sendo o que tem de mais necessário à vida na Terra: mulheres.

Afinal, só a nós foi concedido o dom de gerar outra vida. Os homens que se cuidem porque somente com uma única fêmea já é possível se criar um outro ser… Para que, então, eles servirão no futuro? Desculpem-me os grandes homens que existiram, existem e espero que sempre existirão.

* Regina Claudia Izabela é psicóloga e escreve semanalmente neste espaço. Participe, envie perguntas ou comentários para o e-mail claudia@dykerama.com.

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