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Eles são irmãos e também gays. Confira a história aqui!

Já é lugar-comum dizer que ser gay não é fácil devido à inúmeras situações preconceituosas que temos que lidar ao longo do dia, da hora que acordamos a hora de dormir. Na TV, na família, na igreja, na escola, o preconceito está permeado em todas as esferas sociais. Geralmente, para se aceitar homossexual, passamos por duas fases bem demarcadas: a descoberta da homossexualidade e sua negação.

Enfrentar esse período não é fácil, ainda mais porque na maioria dos casos nos vemos como “sozinhos” no mundo, como se não houvesse mais ninguém igual a gente. Bobagem, evidente, mas a princípio, quando existe desinformação e desconhecimento, a gente se sente um pouco assim, normal… No entanto, não é assim para todos; alguns privilegiados, além de terem a sorte de serem gays, ainda contam com uma ajudinha extra: eles têm um irmão gay.

Caio e Jaqueline Oliveira* são irmãos. Caio é o mais novo, gay, tem 19 anos e faz medicina na Univali (Univerdade Vale do Itajaí). Jaqueline tem 23 anos e é lésbica, atua como free-lancer, mora em São Paulo desde novembro com a namorada e trancou recentemente a faculdade de direito, “o curso não tem muito a minha cara”, diz.

Caio se descobriu gay há quatro anos. À época, cursava o primeiro ano do ensino médio. “Me descobri aos poucos. Quando eu vi, tava beijando um garoto no meio do shopping! Tinha 15 anos quando dei meu primeiro beijo em um cara”. Jaqueline disse que “iniciou” sua vida lésbica há mais ou menos uns dois anos: “Foi meio por curiosidade, eu queria saber como era”, revela.

Surpreendentemente, embora com menos experiência no assunto, foi Jaqueline que tomou a iniciativa de contar para Caio sobre sua orientação sexual. “Eu estava saindo com uma garota, e perguntei se ela achava que devia contar pra ele e ela me incentivou a falar. Cheguei nele e falei ‘precisamos conversar’ e ele respondeu ‘é precisamos’, aí eu contei”.

Surpresa

Deitados, conversando na cama da mãe deles, os irmãos tiveram um diálogo bem franco. Foi logo após sair do armário para Caio que Caio saiu do armário para a irmã também. “Ela veio, contou tudo o que estava sentindo, o que estava pensando da vida e então eu me assumi pra ela”, diz Caio.

Reação

Os irmãos afirmam não terem ficado chocados com o fato de ter um irmão gay. Caio diz que nem lembra muito bem como reagiu naquele momento: “Eu estava tão nervoso com aquela situação que nem percebi…mas ela reagiu super bem! Talvez rolasse uma desconfiança mútua, mas nada confirmado”. Jaqueline revela que ficou surpresa, “mas eu não desconfiava do meu irmão, acho que ele também não desconfiava de mim, até porque eu namorava um cara”.

Caio diz que desconfiava, sim. “Ela namorava um cara, mas eu sentia que tinha uma coisa estranha com aquela amiga dela”. Ele confessa, entretanto, que ficou surpreso mesmo assim: “Não fiquei chocado, mas confesso que rolou uma surpresa, mesmo com aquela ‘desconfiança’”.

Relacionamento

Caio diz que hoje o relacionamento de ambos é muito bom, “devido a distância, é um pouco complicado, mas já superamos nossas diferenças…é amor condicional! Sempre tivemos uma ótima relação, nunca brigamos”. Jaqueline diz que sente falta do irmão por perto, mas ressalta que é muito bom ser lésbica e ter um irmão gay. “Sempre saíamos, íamos a baladas juntos quando ele estava em São Paulo. Em casa damos força um para outro, pode colocar na matéria que eu o amo.”
 
Família

Como nem tudo são flores, o relacionamento da dupla com a família é um pouco complicado. Os familiares sabem sobre a orientação de Jaqueline, mas não sabem sobre Caio. “De mim todo mundo sabe, até porque quando minha mãe descobriu fez questão de gritar aos quatro ventos para todo mundo, mas ninguém sabe do Ca, até porque tem muita expectativa para que ele se case, tenha filhos, essas coisas”.

*A pedido dos entrevistados, os nomes nesta matéria foram trocados.

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