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Eletrônica e pop, Madame Mim fala sobre sonho de participar de uma Parada Gay

Ela é fofa, ela é elétrica, ela é pop. E fala um portunhol delicioso quando está sob a alcunha de Madame Mim. Fora da personagem, a argentina Mariana Eva fala bem o português, obrigado, ao contrário do que possam imaginar por aí…

Figura emblemática e multicolorida, Madame Mim tem uma formação eclética: estudou dança, circo e mais tarde enveredou pela música, onde se destaca com um trabalho lúdico e despretensioso, influenciado por ritmos como o electro. Tanta criatividade já lhe garantiu turnês por todo o Brasil e inclusive pela Europa. Em eventos gays então, a moça é figurinha carimbada.

Prestes a gravar seu terceiro CD, Madame Mim, atualmente na telinha com o programa "Furfles", na MTV, deu esta entrevista ao site A Capa, onde fala sobre vida real e encenada, sobre sua identificação com o público gay e ainda sobre o sonho de cantar em cima de um trio elétrico, que finalmente será realizado no próximo domingo, quando a avenida Paulista será palco da Parada Gay.

Como você compõe a personagem Madame Mim?
Eu comecei como atriz, fiz várias coisas, estudei em faculdade de dança, circo, e depois parti para a música. Então na verdade eu acabei juntando todas as artes. Sou compositora também, escrevo desde pequena, portanto, tudo surgiu de uma forma muito natural. Mas esse lado atriz ficou um pouco esquecido. E eu adoro misturar tudo isso…

Essa pluralidade é interessante, você não foca em apenas um aspecto do seu trabalho…
É, e tudo isso aconteceu de uma forma muito natural. Quando estava no palco também era uma personagem, mas na vida real eu sou super tímida (risos)…

Por falar em vida real, Madame Mim é uma mulher bem casada, tem um filho…
Eu sou uma pessoa normal (risos). Eu acho que concilio tudo tranquilamente. Não dá para separar a pessoa que sou à noite, da pessoa que sou de dia. Tem um pouco de mim o tempo todo. Tem um pouco de Madame no meu filho, tem um pouco do meu filho nos meus shows. Inclusive, às vezes comentam: ‘nossa, que comentário mais mãe’ (risos).

E a sua ida para a MTV? Como aconteceu?
Eles viram o show e gostaram, acho que gostaram da atitude, da presença e me chamaram para fazer um piloto de um quadro de fofocas, que foi o primeiro "Bafon de Verano". E nesse quadro eu falava portunhol. O que também surgiu naturalmente, porque nesse quadro eu gravei em português e portunhol…

Essa escolha do portunhol foi bem acertada, ficou engraçadíssimo, mas você não teve medo de cair no estereótipo?
O objetivo era cantar em português, eu sempre quis isso. Só que meu primeiro CD, "Eu Mim Meu", que eu lancei em 2005, foi cantado 70% em português e 30% em espanhol. E as músicas que eu cantava em espanhol até tentei traduzir para o português, mas quando você traduz não fica tão legal, perde muito do sentido. Eu acho que é uma coisa de época mesmo… Agora, por exemplo, acabei de fazer também duas músicas em inglês. Na minha família todo mundo fala portunhol, minha mãe fala assim, meu pai fala assim… Em nenhum momento eu quis fazer isso num tom agressivo. E o legal de tudo isso é que ninguém desconfia que eu falo espanhol…

E você mora há um tempão no Brasil, não?
Há 20 anos. Eu fiz um CD em português e ninguém desconfiou que eu era argentina…

Realmente, você não tem sotaque nenhum…
Sim, quando você fala em portunhol as pessoas pensam: ‘ah, então ela é argentina’. E o personagem tinha que ser mais caricato, até porque o quadro era de fofocas…

E hoje você estará na Feira Cultural LGBT, no Vale do Anhangabaú. Como é participar de um evento como esse?
Esse não é na verdade meu primeiro evento gay, já toquei no Mix Music [evento do Festival Mix Brasil]. É bem normal, tenho um público gay muito grande. Eu e a Madonna (risos).

O público gay é diferente? É possível segmentar?
Não, várias pessoas gostam do meu som, independente de qualquer coisa. Não gosto de separar. Todos os públicos são muito iguais. Não tenho um público específico. Até criança gosta do meu som. Meu som é da galera "tipo foda-se", entendeu? Sem pretensões…

Mas o público gay é bem mais divertido…
(risos) É, é bem legal…

Você fica incomodada com o fato de muitas pessoas desconfiarem da sua heterossexualidade?
Claro que não. Não estou nem aí. Muita gente acha que sou mesmo [lésbica]. E tudo bem. Acontece… (risos).

E o seu próximo disco, quando sai?
Estou preparando disco novo, fazendo músicas novas. Tenho algumas prontas, mas eu quero fazer mais para poder lançá-lo…

E na Parada Gay você toca em cima do trio, é isso?
Vou tocar no segundo trio [da Associação da Parada].

É a sua primeira vez na Parada Gay? O que você espera dessa sua participação?
Acho que vai ser animal, a Parada Gay é uma coisa impressionante… Vou ficar muito emocionada…

Como vai ser essa sua apresentação? Vai cantar, DJ set…?
Estou vendo isso ainda, não sei se vou poder usar microfone ou não… Pretendo cantar por cima das bases, fazer uma brincadeirinha para ficar mais dinâmico.

Você disse que era um sonho cantar sobre um trio elétrico na Parada…
Eu só tinha duas chances de realizar esse sonho: ou ir para a Bahia no carnaval ou participar da Parada Gay (risos).

Mas o seu som não tem nada a ver com axé…
É, mas quando via a Ivete Sangalo tocando no trio eu pensava: ‘nossa, que incrível’. Mas meu som não cabe ali, então finalmente achei um lugar onde meu som se encaixa melhor…

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