Exibido no Festival Mix Brasil, em São Paulo, o longa "Elvis e Madona", de Marcelo Laffite é uma grata surpresa do cinema nacional. Ainda sem previsão de estreia e sem distribuidora, o filme pode ser conferido no próximo sábado às 15h30 no Cinesesc.
A história gira em torno da travesti Madona (Igor Cotrim) e da fotógrafa e motogirl Elvis (Simone Spoladore). Madonna é cabeleireira e sonha em fazer um grande show musical. Para isso ela junta dinheiro há um bom tempo até que tem sua grana levada embora por seu violento companheiro, o traficante João Tripé, interpretado por Sergio Bezerra.
Já Elvis sonha em mudar o mundo com seu trabalho focado em fotojornalismo. Enquanto a oportunidade não vem, a garota se vira fazendo um bico de entregadora de pizza. As duas personagens se cruzam quando Madona pede uma pizza, mas ao chegar em seu apartamento em Copacabana, ela encontra a travesti desesperada após ter ficado sem grana.
A partir daí surge a amizade entre a lésbica e a travesti. Com o tempo a amizade vira amor. Os diálogos que marcam a intimidade e proximidade entre ambas são bem marcados, engraçados. A verdade é que o filme tem a agilidade de um seriado moderno. O núcleo do salão de cabeleireiros onde trabalha Madonna, por exemplo é divertidíssimo.
O roteiro, assinado por Lafitte é rico em gírias gays. "To passada", "To bege", "Aqué", "To choquita", "Ocó", "Bofe", são algumas. A trama também conta com situações improváveis, mas não impossíveis, que aproximam as personagens e funciona para amarrar a história e gerar um clímax.
Apesar de longo, o filme tem 1h40 de duração, "Elvis e Madona" não cansa. Há sacadas de cultura pop na história. Não bastando o nome das protagonistas, há um jornalista, para quem Elvis vende suas fotos, chamado Clark. A trilha sonora que conta com Gilberto Gil, Elza Soares e o próprio Igor Cotrim, ajuda a pontuar esse lado espirituoso do longa.
No mais, "Elvis é Madona" vale o ingresso. É um filme que te prende, do começo ao fim.
