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Em áudio, travesti presa que aparece com rosto desfigurado diz que “só foi contida”

A travesti Verônica Bolina – que está presa desde domingo (12) e que causou comoção nas redes sociais, após aparecer com o rosto desfigurado em uma foto – gravou um áudio para dizer que não foi torturada por policiais.

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Verônica gravou o áudio na noite de terça-feira (14) e declarou que estava "possuída" e que apenas foi "contida" pelos policiais. Ela ainda disse que toda "ação tem uma reação" e que os policiais "utilizaram as próprias leis".

"Todo mundo está achando que eu fui torturada pela polícia, mas eu não fui. Eu simplesmente agi de uma maneira que eu achava que estava possuída, agredi os policiais, eles só agiram com o trabalho deles. Não teve agressão de tortura. Cada ação tem uma reação, eu agredi e fui agredida. Eles tiveram que usar das leis deles para me conter, então não teve de nenhuma forma tortura. Eu só fui contida, não fui torturada", declarou ela, que está presa no Distrito Policial do Bom Retiro, em São Paulo

A coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloísa Alves, informa que o áudio foi autorizado pela delegacia devido à comoção que se estabeleceu sobre caso. "O meu objetivo como coordenação foi vir à delegacia, ver se a Verônica estava com a integridade física dela garantida, e ela está. Ver o que aconteceu de fato e eu acompanhei todo o relato dela. O que espero desse Conselho é que restaurem a verdade".

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Heloísa diz que "está claro que não houve tortura", apesar de salientar que Verônica está realmente machucada. "Ela reconhece que entrou nessa briga, que teve a parte física dela que está realmente machucada, principalmente no rosto, no corpo nem tanto, mas por uma questão do que ela provocou".

A coordenadora ressaltou que a mãe da presa não está proibida de ver a filha, mas que se trata de uma decisão de Verônica. "Ela prefere aguardar alguns dias. Foi até uma orientação do próprio delegado para a mãe não ficar impressionada, pois ela está com o rosto bem inchado".

Após escutar os áudios, a militante Bárbara Aires declarou que Verônica não foi ferida apenas pelas agressões e que a integridade dela foi desrespeitada em inúmeros momentos. "Existe uma resolução da Secretaria de Direitos Humanos dizendo que como pessoas trans presidiárias devem ser tratadas. Não pode cortar o cabelo mais, porque já é uma agressão física, psíquica e emocional. Ela foi exposta nacionalmente com os seios à mostra, para ser deslegitimada como mulher. E o rosto daquele jeito é o quê? O papel da polícia não é agredir, não é revidar, é conter e imobilizar uma pessoa que está cometendo um ato infracional".

No caso, Verônica foi presa no domingo acusada de agredir uma senhora do seu prédio (12). Ela se tornou notícia depois de ter mordido a orelha de um carcereiro. E gerou comoção entre familiares, amigos e militantes ao ter uma foto divulgada na internet, em que aparece com o rosto desfigurado e com os seios de fora. Na campanha #somostodasVerônica, ressaltaram o fato de ela ser referida como homem pela mídia e não ter a sua versão relatada nas matérias.

Escute o áudio abaixo:


Arte da campanha que viralizou no Facebook

 

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