A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis (ABGLT) encaminhou ofício à Rede Globo questionando sobre o tema do beijo gay.
No documento, a associação parabeniza a emissora pela iniciativa de colocar a questão gay em alguns trabalhos teledramatúrgicos, por exemplo, em "América" e "Duas Caras". Em seguida, a ABGLT relata a frustração da comunidade LGBT frente aos sucessivos vetos ao beijo entre pessoas do mesmo sexo.
A carta da ABGLT relata que, em reunião com a Secretaria Nacional de Justiça, a ONG obteve a informação de que a Classificação Indicativa do Ministério da Justiça não veta nenhum conteúdo e de que ela apenas recomenda determinado tipo de conteúdo para cada faixa de horário. Por fim, a associação pede à Rede Globo que se junte aos canais de países como Chile, México e Argentina e veicule o beijo gay.
Assinada pelo diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, o canal responde, primeiramente, parabenizando a ABGLT pelo seu "trabalho no combate à discriminação e pela disseminação da diversidade sexual". A resposta da emissora pontua que, assim como a associação, a Globo "trabalha pelo combate a qualquer tipo de discriminação".
Em sua resposta, a Rede Globo admite que "censura" sim alguns conteúdos. "Sobre a classificação estabelecida pelo Ministério da Justiça para a programação, ela não se limita a ser ‘indicativa’, uma vez que efetivamente proíbe a veiculação de programas que apresentem conteúdos considerados ‘sensíveis’ fora das faixas horárias determinadas", diz trecho da carta.
Sobre o beijo gay especificamente, a emissora diz que não se envolve no processo criativo dos autores. "Quanto a possibilidade de a emissora vir a recomendar o beijo gay a seus autores, cabe fazer uma distinção: Estimular que os autores abordem causas de interesse da sociedade, promovendo princípios, valores e direitos universais, é sem dúvida papel de uma empresa de comunicação consciente de sua responsabilidade social, uma vez que o convite à reflexão sobre a realidade por meio da ficção contribui com a transformação social."
Em seguida, Luis Erlanger defende que, no entendimento da emissora, a causa "é a diversidade e o respeito às diferenças, e não propriamente a homossexualidade ou a heterossexualidade". Erlanger pontua que a Globo tem cumprido o seu papel com campanhas sociais e que o beijo gay já foi exibido em "Mulheres Apaixonadas" e em "Meus Queridos Amigos".