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Em casa, viado vira homossexual

 

Numa conversa com um amigo da internet, me fez lembrar quando eu assumi minha homossexualidade para minha mãe. Eu devia ter entre 18 e 19 anos. Eu e uns amigos frequentávamos a Diesel Base (lembra? Na Brigadeiro…) e minha mãe sabia que eu frequentava o local e "curtia a boate", mas não sabia que eu também curtia os meninos… Mas um dia, ou melhor, numa noite qualquer, enquanto jantava, falei pra minha mãe: "Então, mãe… Lá, na boate que eu vou, é bem legal e tal… E os meninos ficam com outros meninos e eu também já fiquei com um". Ela me olhou e disse: "E?". "E… Nada… Só sei que gostei!". Depois disso minha mãe catou que eu tinha nascido pro babado e nunca me questionou de forma negativa. Pelo contrário, ela sempre me defendeu com unhas e dentes. Um dos meus irmãos que estava na sala, jogando videogame, ouviu a conversa e na primeira oportunidade foi contar para meu outro irmão, que foi contar para o meu pai. Sabendo disso, meu pai veio tirar satisfações com minha mãe e perguntou: "É verdade que o seu filho é viado?". Minha mãe, ou melhor, minha supermãe respondeu: "Não querido, ele é homossexual e eu o amo da mesma forma…" E continuou dando um sermão no meu pai usando palavras, digamos, impróprias para o horário (risos).

Outro dia, aqui na Capa mesmo, vi uma matéria onde Edmundo (o antigo animal, do Palmeiras) era questionado sobre o fato de seu filho Alexandre ser gay. Para o Estadão ele disse: "Ele nunca me falou: "Pai, eu sou gay". Mas claro que não sou idiota, ele tem aparência total. E vi a mãe dele falando na TV. Mas não muda nada. Respeito e admiro igualmente. Tenho muitos amigos gays. Mas é claro que quando é com o outro é mais fácil, mais legal. Quando é na nossa família fica mais difícil. Por mais que não seja preconceituoso, ninguém quer ter um filho homossexual, até pelo preconceito que ele vai sofrer".

Confesso que eu acho um saco a grande imprensa ficar preocupada com este tipo de notícia. Sei lá, Alexandre tem se empenhado em uma carreira de moda e está lutando para mostrar seu trabalho. Vamos falar disso, então! Ficam se preocupando com a sexualidade das pessoas, querendo fazer sensacionalismo e esquecem que ele é apenas uma pessoa comum. Foi a mesma coisa com a Lea T. Parece que jogador de futebol não pode ter filho gay… No entanto, o que disse Edmundo é algo interessante de se analisar. Em sua frase "Tenho muitos amigos gays. Mas é claro que quando é com o outro é mais fácil, mais legal. Quando é na nossa família fica mais difícil".

Sempre fui bem relacionada e, agora, como drag queen, mais ainda. Todos que me conhecem sabem que eu sou gay. Muitas pessoas são minhas amigas, dizem não ter problemas com gays, dizem que adoram os gays (inclusive!), mas quando descobrem que o filho é homossexual… Já vi esta cena acontecer diversas vezes. Como disse o pai de Alexandre, "… quando é com o outro é mais fácil. Quando é na nossa família fica mais difícil." E aí me pergunto: por que será que isto acontece? Como alguém que diz aceitar e entender a homossexualidade tem uma reação tão contrária ao descobrir a sexualidade do filho ou da filha? Tenho várias histórias assim, e ao contrário também. Conheço um cara que, segundo contam, era machista e preconceituoso e quando o filho nasceu: surpresa! Logo nos primeiros anos, o menino já dava sinais de que seria homossexual, ou até mais, seria transexual. Graças a Deus, no caso dele, acabou compreendendo a situação do filho (ou quase!).

Ter um amigo gay é fácil e até legal, afinal, "gays são sempre divertidos" como dizem. Mas quando o gay, a lésbica ou o/a transexual está dentro de casa, a coisa muda de figura. Muitos alegam, como Edmundo, que têm medo do que o filho venha a sofrer, outros dizem que não estão preparados para esta realidade (como, se antes adoravam os gays?), há ainda os que temem que o filho vai se tornar uma travesti e se prostituir. Papais e mamães de LGBT: garanto que se vocês entenderem, aceitarem e amarem seus filhos como são, nada disso vai acontecer. Infelizmente, no caso das travestis a coisa é mais pesada e, por conta de diversas incompreensões, elas acabam não tendo condições de estudar e as ruas acabam sendo a única forma de sobrevivência.

Felizmente o contrário também acontece. Acho que já até comentei aqui. Um dia, estava no trabalho e uma amiga veio até mim e disse: "Eu só consegui compreender melhor o meu filho e a orientação sexual dele por te conhecer!".

Acredito que o diálogo seja sempre a melhor forma de esclarecimento e quebra de preconceitos.

Tá dado o recado…

Beijo, beijo, beijo… Fui…

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