Depois de muito tempo escondido dentro de casa, [Tentei de tudo para uma morte sem vestígios, mas não tive coragem de completar o serviço] eu resolvi voltar a viver e colocar os pés na rua. Eu ia sair de balada, ia para a Bubu, ia conhecer o amor da minha vida e enfim, ia ser feliz para sempre. [Léo, me impeça!]
Antes, decidi abrir meu e-mail. Tinha uma mensagem do namorado do Léo na caixa de entrada. Eram xingamentos para todos os lados. "Eu achei uma foto sua sem roupa no computador do meu namorado". Depois de chorar mais um pouco, eu resolvi me arrumar.
AÇÃO: De frente para o armário sem enxergar uma roupa decente.
– Mãezinha, eu preciso de um tênis novo.
REAÇÃO: Da cozinha mesmo.
– Trabalhe e compre. Você não foi até Pernambuco sozinho sem precisar da minha ajuda?
FATO: Os pais são mestres na arte do drama.
Passei horas no banho. [Naquela época eu ainda usava um tenebroso cabelo enroladinho cobrindo a testa e óculos. Já dizia minha amiga Laura… "Você parecia o Renato Russo"]. Coloquei uma calça jeans azul claro. [Ela era tão larga que tive de ficar puxando a noite toda] e uma camiseta com as cores do Brasil. [Brega total]
Se minha mãe estiver lendo isso, provavelmente dirá:
– Filho, você era tão lindo. Você usava roupas de homem e não tinha esse cabelo de emo. Meu pai… vai murmurar coisas do tipo: "Que nojo" ou "meu Deus me ajude". [Alguém me diz por que eu saí de casa?]
Fiquei apaixonado por um menino que dançava, tentei pegar nele. Mas, ele começou a gritar. A única coisa que eu consegui naquela noite foi escorregar na escada. [Como pode existir uma escada em um lugar onde as pessoas andam bêbadas e fora de si?]
Acordei com um copo de água no rosto. Um menino segurava a minha mão e o outro ria sem parar. [Qual era a graça dessa vez?] Me Lembrei do Jhonny, é claro.
Cheguei em casa e me olhei no espelho. [Eu não era uma bicha fashion] A partir daquele dia eu começaria a mudar.