O adolescente Erick Kanaan da Silva, 15, foi espancado até a morte após uma festa em balneário Arroio do Silva, praia do extremo sul de Santa Catarina, com apenas 11 mil habitantes.
Um homem branco de 30 anos golpeou o jovem com chutes e socos, até que ele deixasse de respirar, e depois voltou para festa. O corpo foi encontrado no dia 12 de junho. Mas, somente neste final de semana, em depoimento à Polícia Civil, o assassino confessou sua motivação: "Eu tenho raiva de gays", disse. O delegado Jair Pereira Duarte, que conduz o caso, concluiu que se trata de homofobia.
Erick recebeu pelo WhatsApp o convite para ir a uma festa de aniversário no dia 11 de junho, um sábado. Ele foi com uma amiga, que foi embora mais cedo. Eles não conheciam o anfitrião. O delegado disse que a festa era aberta. "O intuito era vender bebidas e drogas, tinha mais de 240 pessoas e poucas eram amigas do organizador", afirmou.
O adolescente vivia com a mãe e a avó e não frequentava baladas. Mas, como disse que iria a um aniversário, não teve questionamentos. "Ele saiu de casa sem jantar, bebeu de estômago vazio sem ser acostumado com álcool e passou mal. Ele estava praticamente inconsciente. Foi para a rua e ficou sentado em um banco. Estava sozinho", disse o delegado.
O agressor afirmou em depoimento que foi atrás do adolescente porque "suspeitava que ele era homossexual". Então o insultou, o derrubou e começou a chutá-lo. Erick morreu no local devido a um traumatismo craniano e hemorragia interna.
Segundo o depoimento, o criminoso o despiu, porque queria evitar suas impressões digitais nas roupas, e voltou para a festa. Mais tarde naquela noite, um dos convidados encontrou o corpo nu atirado no chão e chamou o aniversariante.
"Eles viram o Erick morto, avisaram às pessoas que 'tinha dado problema' e esvaziaram a casa. Mas não prestaram socorro nem chamaram a polícia, foram todos para outra festa, um luau. Considero esse um crime monstruoso", diz o delegado.
No caminho para o luau, o aniversariante e dois amigos que estavam no carro resolveram voltar para esconder o corpo. Eles enrolaram Erick em duas cortinas da casa, o colocaram no porta-malas e o jogaram na areia da praia, a dois quilômetros de distância do crime. O jovem foi encontrado às 11h da manhã seguinte. Os três irão responder na Justiça por ocultação de cadáver (a pena é de um ano e um mês de prisão, se não houver agravantes).
O delegado não revelou o nome do criminoso, por medo de fuga ou linchamento, que ainda não tem advogado. Os pedidos de prisão preventiva já foram encaminhados ao Judiciário. Por enquanto, todos aguardam em liberdade.