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Empresas freiam marketing no Brasil durante mês do orgulho LGBTQIA+

Empresas freiam marketing no Brasil durante mês do orgulho LGBTQIA+

Redução drástica em campanhas com influenciadores LGBTQIA+ reflete polarização política e medo de ataques

O mês do orgulho LGBTQIA+ costumava ser uma verdadeira vitrine para marcas e influenciadores da comunidade no Brasil. A cantora trans Pepita, por exemplo, já realizou até 17 campanhas nesse período em anos anteriores. No entanto, em 2025, ela fechou apenas um contrato, refletindo um movimento de retração das empresas nas ações de marketing voltadas ao público LGBTQIA+.

Segundo Pepita, sua postura militante pode ser um dos motivos para essa redução: “O posicionamento que eu tenho, de ser muito militante, pode fazer com que eu não me encaixe mais nas marcas”. Essa tendência, aliada a um cenário político polarizado, tem feito com que muitas empresas evitem se posicionar ou contratar representantes da diversidade para evitar controvérsias nas redes sociais.

Polarização política e medo de reações

Especialistas apontam que o período eleitoral de 2022 marcou uma intensificação da polarização no Brasil, impactando diretamente a forma como as empresas lidam com pautas LGBTQIA+. Fátima Pissarra, CEO da agência Mynd, observa que o receio das marcas em contratar influenciadores LGBTQIA+ aumentou significativamente, pois elas temem ser interpretadas como alinhadas a um lado político e, consequentemente, sofrer ataques.

De acordo com ela, a contratação desses influenciadores caiu cerca de 90% nos últimos três anos. Ícones da comunidade como Pabllo Vittar, que antes protagonizavam dezenas de campanhas, hoje participam de apenas uma ou duas ações no mês do orgulho.

Impactos financeiros e culturais

Além da diminuição das campanhas, eventos e iniciativas importantes da comunidade também sentem o impacto dessa retração. Ricardo Sales, CEO da consultoria Mais Diversidade, relata que a Feira Diversa, um dos eventos mais relevantes para empregabilidade e cultura LGBTQIA+, captou metade do orçamento em 2025 comparado ao ano anterior, mesmo com o dobro de inscritos.

Para Sales, o Brasil tem um contexto distinto dos Estados Unidos, e a importação de questões internacionais sem a devida adaptação contribui para uma leitura equivocada das realidades locais, que em geral apresentam um apoio mais sólido à população LGBTQIA+.

A Parada do Orgulho resiste, mas com desafios

Apesar da retração, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo continua sendo o epicentro das ações durante o mês. Nelson Matias Pereira, presidente da associação organizadora, comenta que houve substituição natural de patrocinadores e que o evento mantém expectativa de fechar as contas, embora os valores de patrocínio sejam menores do que o ideal para a magnitude da festa.

Marcas tradicionais como Smirnoff e Zurich mantêm seu compromisso histórico, enquanto outras, como Doritos e Burger King, reduziram ou suspenderam ações específicas ligadas ao orgulho. A Uber também não tem ações previstas para este ano, enquanto concorrentes como 99 adotam ações pontuais.

Compromisso e autenticidade são fundamentais

Eduardo Paiva, diretor de diversidade da L’Oréal Brasil, destaca que o compromisso com a causa LGBTQIA+ deve ser constante e estratégico, não limitado ao mês do orgulho. Segundo ele, essa profundidade e consistência ajudam a reduzir o risco de polêmicas e fortalecem a relação genuína das marcas com o público.

A participação da L’Oréal na parada e em eventos paralelos reforça essa visão, com ações que vão além do marketing tradicional, incluindo conscientização sobre combate ao assédio nas ruas e apoio a influenciadores da comunidade.

O orgulho LGBTQIA+ segue vivo e pulsante

Mesmo com os desafios atuais e o recuo de algumas empresas, a comunidade LGBTQIA+ segue firme e visível no Brasil. A resistência e a luta por direitos e representatividade continuam, e o mês do orgulho, embora com menos ações corporativas, permanece como um momento essencial de celebração e reivindicação.

Junho, escolhido como mês do orgulho por lembrar a revolta de Stonewall em 1969 nos Estados Unidos, é uma data simbólica que inspira a comunidade globalmente a celebrar suas conquistas e a continuar a luta por igualdade e respeito.

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