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Encontrando tesouros da literatura gay pelos sebos do centro de São Paulo

Eu achei num sebo na Liberdade o livro “Diário de um ladrão” do Jean Genet por R$5,00. “Grande coisa”, vão dizer alguns. Não ligo. Pra mim esse livro, esse achado, tem muita importância. Tenho com este livro toda uma história sentimental, é aquela velha história da gente não escolher o próximo livro, o livro é que escolhe a gente. Sempre gostei de ler, mas sempre senti falta de uma literatura que fale de homem com homem. Uma vez fui à Fnac da Paulista quando tinha 16 anos, fui procurar por títulos gays. Não encontrei muitas coisas e o que encontrei ficava muito aquém do meu poder aquisitivo de jovem estudante secundarista na época. Apesar disso saí de lá com uma recomendação preciosa: um vendedor me orientou a procurar em sebos um livro chamado “Diário de um ladrão”. Depois acompanhando a mídia GLS com mais afinco, ouvi falar algumas vezes desse escritor, foi ele que escreveu “Querelle”, clássico da literatura gay mundial, que teve também sua adaptação para o cinema. Genet morreu antes de eu nascer e publicou seu primeiro livro em 1943, enquanto acontecia a segunda guerra mundial. Genet era gay e passou uma boa parte da sua vida preso, por ter cometido alguns furtos. Foi um dos maiores nomes do que conhecemos hoje por marginalia. Até Jean Paul Sartre declarou gostar da literatura de Genet. Tudo isso é para contar o que já disse no começo. Outro dia andando pelo centro da cidade procurando por algum título que me fosse interessante, me ocorreu a idéia de comprar um livro do Genet. Comecei minha busca, mas queria o Diário, achei “Nossa senhora das flores”, R$18, sorri para a moça do sebo, “dessa vez fica pra próxima, beijomeliga viu”. Minha sorte foi não desistir, fui até outro sebo, tinha Jean Genet, tinha Diário e custava apenas R$5. Uma pechincha, aquele livro estava dado, quase de graça, nem precisei pensar duas vezes, fui logo pro caixa. Só não li Diário ainda porque no momento estou concentrado na leitura de Nietzsche. (Só pra constar, as máquinas de livros no metrô são bem legais também, sempre tem bons títulos por preços bem populares, e eu adoro preços populares, risos). O “tesouro” que eu achei não foi o único… Garimpando a parte de CDs de outro sebo, encontrei algo que acredito ser uma raridade, tipo item de colecionador. Era um CD com o hino à diversidade, música tema da quinta parada do orgulho GLBT de São Paulo, lançado em 2001, uma época que nem assumido eu era quanto mais ir numa parada gay… O hino tem Laura Finocchiaro e Edson Cordeiro, além de um coro da diversidade com artistas e representantes do movimento GLBT que eu admiro pra caramba…acho que gosto de nostalgia. Depois de dividir essa experiência, fica aqui uma dica para quem gosta desse tipo de “passeio cultural”. Para quem não gosta, vale muito a pena experimentar e não custa nada. Imagina se num passeio desses você não encontra o homem da sua vida num sebo? Um dia você pode até escrever um livro e ter sua história adaptada para roteiro de cinema.

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