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Entenda por que ser gay não é pecado

As declarações do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) sobre a homossexualidade causaram revolta na comunidade gay. No dia 19 de março, o senador da bancada evangélica disse em plenário que o comportamento homossexual “é claramente anti-natural”. Crivella usou a bíblia para justificar seu ódio contra os homossexuais. O Grupo gay Harpazo, de Brasília, apresentou uma carta-resposta muito esclarecedora ao senador. Ao invés de apenas atacá-lo ou tentar desacreditar sua religião, a Ong apresentou fatos históricos e análises pertinentes acerca dos textos bíblicos e desmente as pregações fundamentalistas de que ser gay é sinônimo de ser pecador. Diz o texto: “Queremos lembrar ao senador que o Estado é laico. O senhor senador desconhece a realidade, e permanece alheio às conseqüências violentas da homofobia que sofre a população GLBT. A cada dia no Brasil, os homossexuais sofrem violências físicas e verbais (e até assassinatos) por não poderem expressar livremente sua sexualidade, que é um direito humano que deve ser respeitado.” Sobre a passagem da bíblia usada pelo senador como prova de que ser gay é pecado (“o homem que deita com homem como se mulher fosse comete abominação aos olhos de Deus” – Levítico 18:22) a carta-resposta é mais que contundente. “De acordo com alguns autores, o verso bíblico parece se referir ao templo de prostituição, uma prática comum no Oriente Médio na época de Moisés. Qadesh se referia aos homens que praticavam a prostituição religiosa como forma de idolatria, prática comum entre os povos politeístas.” “Algumas igrejas cristãs sempre condenaram a homossexualidade porque a consideram como sendo contrária às leis da natureza. A mesma bíblia, no Velho Testamento, estipula que as mulheres devem ser socialmente isoladas enquanto menstruadas, que os pais devem matar seus filhos se estes adorarem qualquer outro deus que não o Deus Único e que aqueles que trabalham aos sábados devem ser executados. Atualmente, poucos cristãos concordam com essas práticas prescritas pelo Levítico”, argumentam. Para a Harpazo, os fundamentalistas religiosos esqueceram-se do mandamento mais importante deixado por Jesus, “o Evangelho do Amor”. Finalizando, o texto observa que utilizar dois pesos e duas medidas para coisas iguais é, no mínimo, paradoxal. “Curiosamente, o que se observa hoje é que todas essas proibições, com exceção da expressão da homossexualidade, foram esquecidas. Corta-se o cabelo, faz-se a barba e come-se carne de porco ou lebre como se jamais tivessem sido estas práticas proibidas pelo Levítico. Porém, a prática homossexual continua a ser apontada como impura perante os olhos de Deus, ao passo que as outras proibições teriam sido “revogadas” pelo Criador. Leia o texto na íntegra: O HARPAZO (Movimento Cristão pela Diversidade), vem por meio desta responder às críticas do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) em Plenário, nessa segunda-feira (19/03), ao projeto de Lei da Câmara (PLC 122/06) que criminaliza – na forma de delito de opinião – qualquer tipo de crítica ofensiva ao homossexual. Segundo Crivella: “A decisão dos deputados em aprovar a Lei na Câmara acabou confundindo o respeito devido a uma opção individual da pessoa com o uso do poder do Estado, através do seu corpo de leis, para impor a todos os cidadãos um comportamento que é claramente antinatural”. O senador fundamentou seu argumento de que a orientação homossexual é errada recorrendo à passagem bíblica “o homem que deita com homem como se mulher fosse comete abominação aos olhos de Deus”.(Levítico 18: 22) Antes de qualquer coisa, queremos lembrar ao senador que o Estado é laico. Não há qualquer confusão por parte dos deputados que aprovaram a PLC 122/06. Confusão há na cabeça do senhor senador que desconhece a realidade, e que permanece alheio às conseqüências violentas da homofobia que sofre a população GLBT. A cada dia no Brasil, os homossexuais sofrem violências físicas e verbais (e até assassinatos) por não poderem expressar livremente sua sexualidade, que é um direito humano que deve ser respeitado. Confuso é o senador ao afirmar que a homossexualidade é antinatural. Algumas igrejas cristãs sempre condenaram a homossexualidade porque a consideram como sendo contrária às leis da natureza. De igual forma, se interpretássemos o texto bíblico de maneira fundamentalista, poderíamos argumentar que o celibato, defendido por séculos como o mais elevado estado da vida cristã, seria “contrário às leis da natureza”, ao se opor ao paradigma bíblico do “crescei e multiplicai-vos” (Gen 1,28). No entanto, este não é certamente o procedimento mais honesto para discernirmos a Palavra de Deus. A mesma Bíblia, no Velho Testamento, estipula que as mulheres devem ser socialmente isoladas enquanto menstruadas, que os pais devem matar seus filhos se estes adorarem qualquer outro deus que não o Deus Único e que aqueles que trabalham no Sábado devem ser executados. Atualmente, poucos cristãos concordam com essas práticas prescritas pelo Levítico. Quando perguntamos aos membros de uma igreja qual a sua opinião sobre esses trechos, costumam afirmar que os tempos são outros e que não devemos mais tratar o próximo com tamanha crueza. “Afinal de contas, o maior entre todos os mandamentos é o amor”, afirmam sem pestanejar. Porém, os mesmos “cristãos” não aparentam o menor escrúpulo ao condenar os homossexuais, sem ao menos considerar que são filhos de Deus e que merecem ser tratados como tal. A eles decidiram, não se sabe com que autoridade, aplicar a “lei” do Levítico (18: 22), nua e crua, ignorando a Carta Magna deixada por Jesus, que é o Evangelho do Amor. Também queremos lembrar ao senador Crivella que, em 17 de maio de 1990, a assembléia geral da OMS aprovou a retirada do código 302.0 (Homossexualidade) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão”. A nova classificação entrou em vigor nos países-membros das Nações Unidas em 1994. Com isso, marcou-se o fim de um ciclo de 2000 anos, durante o qual as instituições eclesiásticas apresentaram a homossexualidade, primeiramente como pecado, depois como crime e, por último, como doença. Confuso é o senador que utiliza uma passagem bíblica para fundamentar seu argumento equivocado e ainda por cima não leva em consideração o contexto histórico e cultural do povo hebreu há 4.000 anos! Esta condenação a atos homossexuais, a que se refere o versículo do Levítico citado pelo senador advém de várias causas: sociais, culturais, ritualísticas e históricas. O termo “abominação” (to’ebah ou toevah) é um termo religioso, usualmente utilizado para condenar a idolatria e não propriamente um mal moral. De acordo com alguns autores, o verso bíblico parece se referir ao templo de prostituição, uma prática comum no Oriente Médio na época de Moisés. Qadesh se referia aos homens que praticavam a prostituição religiosa como forma de idolatria, prática comum entre os povos politeístas. O sexo entre iguais era visto como algo fora do padrão aceita por aquela cultura, pois estava associado à prática da idolatria e à violência. Hoje, com exceção de alguns grupos, muitos estudiosos tratam estas questões como interessantes dados históricos que já não fazem sentido quando são aplicados “literalmente” em uma cultura científica e socialmente mais adiantada. Infelizmente, o erro maior dos fundamentalistas bíblicos está na inobservância do contexto cultural do tempo da criação da lei do Levítico. Curiosamente, o que se observa hoje é que todas essas proibições, com exceção da expressão da homossexualidade foram esquecidas. Corta-se o cabelo, faz-se a barba e come-se carne de porco ou lebre como se jamais tivessem sido estas práticas proibidas pelo Levítico. Porém, a prática homossexual continua a ser apontada como impura perante os olhos de Deus, ao passo que as outras proibições teriam sido “revogadas” pelo Criador. Os tex

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