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Entrevista exclusiva: Monica Taher

Ela é salvadorenha mas vive nos Estados Unidos há 15 anos. É uma dyke poderosa que conhece todas as atrizes da série The L Word. Já foi diretora de meios de comunicação da Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação (GLAAD) durante cinco anos e, atualmente, ocupa o cargo de diretora de comunicações da TV Azteca América, uma das maiores redes de televisão dos Estados Unidos.

Suas proezas não param por aí. Além de ser uma das principais ativistas do mundo e ter conseguido mudanças significativas na maneira em que gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros são representados nos meios de comunicação latinos, a vida de Taher inspirou a criação da personagem Carmen da série The L Word.

Além disso, ela conhece as atrizes e fez revelações surpreendentes sobre algumas que se negam a sair do armário.

Quando esteve pela última vez no Brasil, em setembro, a simpática Monica concedeu uma entrevista exclusiva ao Dykerama.com (que ainda não tinha sido lançado). Dias depois, ela foi chamada para assumir o cargo na TV Azteca e deixou a GLAAD após 5 anos na ONG. No entanto, Monica afirmou que continuará lutando pela visibilidade dos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros na TV Azteca. Confira:

Dykerama: Quais são as principais funções da GLAAD?

Monica: Somos uma organização dos Estados Unidos que trabalha com os meios de comunicação em inglês e espanhol para melhorar a cobertura da comunidade GLBT.

Trabalhamos com produtores, repórteres, executivos, redes de televisão, jornais, revistas e já temos 22 anos de atividade.

Prestamos também consultoria para repórteres, roteiristas e produtores executivos, oferecendo estatísticas e recursos para estes profissionais desenvolverem seus trabalhos.

É um trabalho com diferentes frentes para melhorar a imagem e a percepção da comunidade GLBT nos meios de comunicação.

Dykerama: Vocês têm um percentual de pessoas GLBT que trabalham nos meios de comunicação?

Monica: Não tenho um percentual, mas posso assegurar que são muitos. Temos mais gente que está fora do armário em meios de comunicação de língua inglesa do que em meios de língua espanhola, mas também há muitos nos meios de língua espanhola.

Dykerama: Gostaríamos que você fizesse uma análise breve sobre o que a GLAAD pensa a respeito da mídia brasileira no que se refere aos GLBTs.

Monica: Nós acompanhamos como os meios brasileiros tratam do tema GLBT. Eu particularmente acho que as novelas vêm fazendo um ótimo trabalho nos últimos anos. Principalmente Senhora do Destino, América e todas as novelas com personagens GLBT que mostram uma parte do personagem que nós chamamos de multidimensional, ou seja, que revela diferentes lados do personagem.

As notícias, geralmente, são bem divulgadas na Globo e na Rede TV. O grande problema da mídia brasileira ainda está nos programas de entretenimento de rádios e TV, principalmente nos de comédia.

Entretanto, eu percebo que existe uma grande discrepância. A própria Globo tem ótimas novelas, mas os programas de comédia são péssimos. Os programas de comédia da rádio são piores porque a difusão é mais rápida e são os que mais contaminam a sociedade.

Dykerama: É verdade que a personagem Carmen da série The L Word foi inspirada em você? Conte-nos um pouco sobre isso?

Monica: Ilene Chaiken, a criadora e produtora-executiva do The L Word resolveu fazer esta série e nós achamos que seria perfeito porque Ilene é uma pessoa muito inteligente. Um dia ela estava na sede da GLAAD e nós comentamos que não havia muita diversidade de personagens na série, as únicas eram as irmãs afro-americanas Kit (Pam Grier) e Bette Porter (Jennifer Beals).

Então dissemos que seria interessante se ela colocasse uma personagem latina, já que nos Estados Unidos existem tantas lésbicas latinas que poderiam ser representadas na série. Inclusive porque em Los Angeles 50% da população é latina, faria sentido.
Ela gostou da idéia, reuniu sua equipe e nós ajudamos na construção do personagem.

Ressaltamos a importância de ser uma personagem mexicana, porque na Califórnia existem 5 milhões de mexicanos, construímos aspectos culturais como uma família super católica, que falasse mais espanhol que inglês e etc.

Quando eles começaram a fazer o script, enfocaram-se na minha vida e colocaram aspectos meus na personagem como raízes muito latinas, gringa que mora há 15 anos nos Estados Unidos e vive essa vida dupla, sobretudo, o medo de dizer à família que é lésbica.

Mas não pensem que sou DJ (risos). Esta profissão foi pensada para Carmen porque buscávamos um trabalho que muitas latinas desenvolvem em Los Angeles: algo rápido para que elas possam estudar durante o dia e trabalhar à noite.

Dykerama: Você conhece as atrizes da série?

Monica: Claro! Nos encontramos anualmente nos prêmios GLAAD, onde premiamos alguns meios de comunicação. O elenco sempre está presente neste prêmio. Além disso, muita gente que trabalha na série é homossexual e isso inclui as atrizes.

Por exemplo, Katherine Moennig (Shane Mc Cutcheon) e Leisha Hailey (Alice Pieszecki) são lésbicas. A vida de Laurel Holloman (Tina Kennard) confunde-se um pouco com sua vida real. Ela está casada com um homem, está grávida dele, mas é bissexual.

Jennifer Beals (Bette Porter) e Sarah Shahi (Carmen de la Pica Morales) são totalmente heterossexuais, inclusive eu conheço o namorado de Sarah.

Dykerama: Quais são as melhores eventos dos Estados Unidos que você indicaria ao público que lê o Dykerama?

Monica: Dinah Shore na Califórnia, Aqua Girl na Flórida e a Parada Gay de Nova York, sem dúvida!

Northern State: Vamos dançar?

Dick In The Box