Fernando Duran já realizava eventos há oito anos. Entre uma festa de aniversário e um casamento, ele arranjava tempo para discutir a criação de uma boate gay na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. "Era um lugar ainda carente nesse sentido", lembra. Em dezembro do ano passado, ele conseguiu. Inaugurou a Apple Mixxx.
No entanto, bastaram dois meses para os problemas começarem a aparecer. Notas do Jornal ‘O Globo’ e ‘Extra’ dão conta de que a boate estaria fechando as portas. Em entrevista ao site A Capa, Duran, um dos 3 sócios da Apple (criada para ser a maior da América Latina), nega que os boatos sejam verdadeiros, admite estar devendo para Djs e fornecedores e conta sobre uma sabotagem que lhe deu um prejuízo de 100 mil reais.
É verdade que a boate vai fechar até o carnaval?
Esse boato foi um ato de muito mal gosto de alguém.
Você tem ideia de quem tenha espalhado isso?
Então… Eu falei esta semana com a Cléo Guimarães, do O Globo [interina da Coluna Gente Boa], para que ela fizesse uma nota revertendo essa situação. Realmente é uma coisa que não procede, porque temos vários projetos e seria um contrassenso nós termos investido um montante em dinheiro. Minha assessora está atrás de quem espalhou essa informação, mas até agora não encontrou quem fez essa brincadeira.
Recentemente rolaram informações, já desmentidas, de que a The Week, sua concorrente, iria fechar. Você acredita que a história da Apple pode ser alguma espécie de vingança ou algo assim?
Eu não tenho como afirmar isso, mas acho que ficou muito parecido um boato com o outro, né? Tem que checar a fonte. Fiquei muito aturdido porque a gente está trabalhando forte com a casa. As sextas-feiras estão lindas. Sexta-feira passada a casa estava maravilhosa. Hoje, de acordo com a previsão, a casa estará lotada. Ou seja, estamos conseguindo nosso espaço.
Na programação disponível no site da casa só consta data de festas nas sextas-feiras de fevereiro. Por que a casa não vai mais funcionar aos sábados?
Justamente. A The Week faz as festas GLS no sábado. Nós chegamos a abrir em alguns sábados e realmente nosso público está muito dividido. Acabou que uma grande parte do público foi pra lá e ficou um grupo muito pequeno conosco o que não é interessante pra casa, pelo porte que ela tem. Tanto é que nós fechamos contrato com produtores de eventos e a partir de março, aos sábados, a gente fará festas para o público heterossxual. Já temos uma festa em pauta, prevista para domingo, e temos outra equipe trabalhando para as quintas-feiras.
Então vocês vão mudar o foco da boate?
Não. Nossas sextas-feiras são magnânimas, ninguém mexe. Ela é uma festa GLS mesmo e não terá nenhuma mudança nesse sentido. O que a casa está fazendo é abrir, como o próprio nome diz [Mixxx] para novos públicos e outros tipos de eventos. Porque quanto mais vezes usarmos a casa, melhor para o nosso investimento.
Quais são as maiores dificuldades que vocês enfrentam para manter mais uma boate gay no Rio?
A questão é o público. Porque temos um excelente Dj, que é o Felipe Lira, ele tem um público maravilhoso, um público definido. A casa inaugurou meio devagar. Fizemos uma série de mudanças. Mudamos até a cabine dos Djs. Pusemos um pouco para baixo, a pedido do público. Eles queriam que tivesse mais acessibilidade. Fizemos essa mudança na semana passada. Então está bem interessante. Está bem legal. A casa está pegando nas sextas.
Quando foi criada, a intenção era fazer da Apple Mixxx a maior da América latina. O que deu errado?
A nossa intenção não é ser a maior, mas uma das maiores por causa da quantidade de público e tudo mais. Temos espaço para quase 3 mil pessoas e são poucas casas no Brasil ou na América Latina que tanto espaço. Então, com esse porte todo, a gente precisa sempre de algumas alterações, algumas melhorias. O público tinha pedido para colocarmos mais espelhos na casa e nós colocamos… Com isso estamos conseguindo atender melhor o nosso público, que é exigente em termos de qualidade e ambiente.
Como foi o planejamento para a abertura da boate?
A casa foi construída em 3 meses e meio. E nós queríamos inaugurá-la em dezembro. Nós trabalhamos bastante para isso.
Vocês fizeram pesquisa de público antes? Continuam fazendo?
Sim. Temos o e-mail direto para saber o que as pessoas estão achando. Através desse e-mail recebemos sugestões, críticas. E dentro daquilo que a gente pode aplicar de imediato, a gente faz.
O telefone do site continua o mesmo?
O telefone é outro. Nos Flyers estou divulgando o novo. Porque fico mais próximo do telefone e é mais fácil de atender a todos.
No Rio é muito forte ainda a cena das label parties, como X-Demente e R.Evolution. Acredita que a existência dessas festas prejudica ou atrapalha o funcionamento de boates fixas?
Acho que de uma forma geral essas festas ajudam. Porque você acaba tendo uma diversidade de festas. Elas são mais opções para as pessoas. ‘Estou indo pra Apple hoje, mais tarde tem uma B.I.T.C.H, aí vai ter uma R:Evolution’. Então as pessoas mesmo se planejam. Logicamente que é uma coisa que também divide o público.
A história de que a casa estaria devendo para fornecedores, parceiros e DJs?
Há realmente um déficit. Principalmente com um Dj, mas já entramos em acordo com ele. O que acontece é que a casa está nova e em função disso algumas coisas acontecem. No dia 19 de dezembro aconteceu um acidente que a gente supõe que tenha sido uma sabotagem. Neste dia à noite nosso transformador central explodiu. Foi um prejuízo realmente muito grande que tivemos, mais de 100 mil reais. A nossa sorte foi que a casa ainda não estava aberta. Então, encontramos uma dificuldade muito grande em função disso.
O que a casa tem programado para o Carnaval? Quais as principais atrações?
No dia 20 de fevereiro vamos trazer o DJ americano Marco Lux. Será a festa ‘Gala Mix’.
Esta é a única festa de Carnaval?
É. O que acontece? Na semana de Carnaval terão muitos eventos, como a festa da Rosane Amaral e o público vai ficar muito dividido. Como a nossa casa é grande… Além disso, a festa ‘Gala Mix’ é uma festa aberta para todos os públicos.
Serviço
Apple Mixxx
Aberta todas as sextas-feiras
Estrada da Barra da Tijuca, 156 – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 3547-2628