Eurovision 2025 em Basel traz vitória austríaca, mas Espanha decepciona com estereótipos e ausência de representatividade LGBTQIA+ no Yumbo Center
O Eurovision Song Contest (ESC) 2025, realizado em Basel, Suíça, consagrou um jovem countertenor austríaco, JJ, ex-cantor de coro infantil, com sua poderosa balada “Wasted Love”. No entanto, a edição ficou marcada por contrastes: enquanto o público buscava brilho, extravagância e emoção genuína, a Espanha apresentou um número calcado nos clichês mais baratos da cultura ibérica, decepcionando e deixando claro que a representatividade LGBTQIA+, tão presente na história do ESC, sofreu um revés especialmente na emblemática região do Yumbo Center em Maspalomas, Gran Canaria, onde nenhuma drag queen se sentiu segura para se apresentar.
Um festival marcado pela falta de ousadia espanhola e ausência drag
Melody, representante espanhola, trouxe um show que misturou flamenco, castanholas e figurinos repletos de rótulos nacionais estereotipados, como se fosse uma caricatura de uma drag queen, mas sem a autenticidade e a coragem que a cena drag representa para a comunidade LGBTQIA+. Segundo relatos, nenhuma drag queen do Yumbo Center, epicentro da cultura queer em Maspalomas, se sentiu confortável ou segura para participar do evento neste ano, evidenciando um retrocesso preocupante para um espaço que sempre foi símbolo de resistência e diversidade.
Enquanto isso, o público do ESC mostrou-se sedento por performances que misturassem o colorido, o glamour e o impacto emocional, características que faltaram na apresentação espanhola, que acabou sendo um dos momentos mais desapontadores do festival, mesmo dentro de uma edição considerada mais sóbria e heteronormativa.
Austríaco JJ brilha com voz e representatividade
O vencedor JJ, com seu timbre singular de countertenor e uma performance que uniu elementos clássicos e eletrônicos, emocionou a plateia e os jurados, reafirmando a presença queer que o ESC sempre celebrou, 11 anos após a icônica vitória de Conchita Wurst. Sua vitória representa não apenas o reconhecimento artístico, mas também um símbolo de visibilidade para artistas LGBTQIA+ em um palco de proporções globais.
Polêmicas e tensões nos bastidores
Além da ausência de Céline Dion, que marcou a história do ESC ao vencer pela Suíça em 1988, a edição teve momentos de tensão fora da arena, com manifestações anti-Israel em Basel que exigiram o uso de água para dispersão, embora o evento tenha transcorrido sem maiores incidentes internamente. A participação da israelense Yuval Raphael, sobrevivente de terror e segunda colocada, foi outro destaque que trouxe emoção e representatividade para o palco.
O que fica para a cena LGBTQIA+ e para o Yumbo Center
O episódio do ESC 2025 levanta um alerta para a comunidade LGBTQIA+, especialmente para espaços como o Yumbo Center, tradicionalmente vistos como refúgios seguros e palcos de expressão artística e cultural, como das drags. A sensação de insegurança atual aponta para a necessidade urgente de reafirmar esses espaços e garantir que sejam ambientes acolhedores e livres de preconceito e violência.
Ao mesmo tempo, o ESC mostra que o público quer mais do que música — quer experiências que abracem a diversidade e a autenticidade, elementos que devem ser incentivados em todos os cantos, inclusive nas Ilhas Canárias, para que o espírito queer continue vivo e pulsante.
Em resumo, o Eurovision 2025 em Basel foi uma celebração de vozes e histórias poderosas, mas também um chamado para reflexão sobre a representatividade LGBTQIA+ fora do palco, especialmente em locais tão emblemáticos como o Yumbo Center, onde a ausência das drags é um sinal preocupante que merece atenção e ação da comunidade e das autoridades.