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Escolhas e sexualidade são temas do filme XXY que estréia hoje

O filme XXY estréia hoje no Brasil. O longa virou matéria na décima edição da revista A Capa. Leia abaixo.

Questão de escolhas…

Amor, paixão, hermafroditismo e sexualidade são temas do longa argentino XXY que estréia no Brasil em fevereiro
 
No início de dezembro o escritor Santiago Nazarian publicou um post em seu blog e numa espécie de paródia de si mesmo fez uma adaptação do conto “Terça-feira gorda” de Caio Fernando Abreu. Na versão original dois homens suados mesclam seu corpo e se fundem num só durante um beijo num baile de carnaval.
 
Já para o jovem escritor paulista o resultado da mistura de literatura com seu desejo é mais ou menos deste jeito: “Seu olhar de censura, de sarcasmo – talvez ternura? – secava o suor de homeotérmico que eu mesmo não podia… Ele lagarto, frio e liso. Lindo. Fiquei pensando se era mesmo menino, se era mesmo menina. Quando ele disse, ainda não tive certeza. Menos certeza de tudo. De nada. Obrigado. Não importava o que ele era, o que eu era, contanto que eu pudesse ser ele em seus braços. Ele, em meus braços. Mais nada.”
 
Agora esqueça Caio Fernando Abreu, Santiago Nazarian, homens suados e todo o resto. XXY só tem a ver mesmo com o trecho “fiquei pensando se era mesmo menino, se era mesmo menina”. Minto. A irrelevância do sexo no conceito de desejo descrito por Nazarian também faz parte do filme. É assim: o Alex ou a Alex. Não é exatamente uma garota. Mas se preocupa em tomar remédios para sua barba não crescer. Isso não quer dizer, contudo, que seja um garoto também.
 
Alex é o que pode se chamar de hermafrodita. As letras XXY, que dão nome ao filme, são também usadas para definir a síndrome de Klinefelter. É aquele lance das aulas de biologia e dos cromossomos. Mulheres são XX, homens XY. Quando acontece de um garoto nascer com essa síndrome, isso significa que eles herdaram um gene a mais da mãe. Ou seja, são XXY.
 
A história bem conduzida pelas mãos acertadas da diretora argentina Lucia Puenzo se passa em uma praia no Uruguai. Lugar para onde os pais de Alex mudaram para fugir “de certo tipo de gente de Buenos Aires”. Pessoas essas que tentaram convencê-los a fazer a cirurgia de adequação de sexo na criança. Sensatos, deixaram na mão do filho essa questão.

A trama do filme gira em torno do dilema de Alex em ter que resolver qual dos dois sexos ele(a) pretende adotar. Não bastasse a dificuldade em fazer tal escolha o momento não é dos mais oportunos. A mãe de Alex, interpretada pela atriz Valeria Bertuccelli, resolve levar para casa deles um médico acompanhado com esposa e filho. Especialista em reconstruções plásticas, o médico está interessado em operar o adolescente.
 
Alex começa a se interessar por Alvaro, o filho do tal médico, e o interesse no caso é mais que recíproco. Os jovens se envolvem, criam um forte laço de afeto e amor que é muito mais externalizado por meio de olhares e falta de palavras. Tem situações nas quais o silêncio diz tudo. Em XXY é assim.
 
Muito mais do que um filme sobre uma anomalia genética, XXY é uma história de amor envolvente e emocionante sobre as escolhas e descobertas da adolescência. Alex poderia ser qualquer um de nós. Ou melhor, é como todos nós, cheios de dúvidas e descobertas, principalmente, na sexualidade. Com o passar do tempo, descobrimos que todas são irrelevantes. Coisas de adolescente.
 
O filme que já deu as caras no Brasil durante o Festival de Cinema do Rio de Janeiro, na 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e teve sua pré-estréia durante o festival MixBrasil, finalmente entra no circuito alternativo de cinema no mês de fevereiro.

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