Madonna completa 50 anos no sábado (16/08). São mais de vinte anos de carreira iluminados por inúmeros holofotes e cliques intermináveis. A sua vida pessoal e artística esteve sempre a sombra de verdades, mentiras e escândalos. Sem contar o fator sexual que até meados dos anos 90 esteve presente em sua arte. Os amores conturbados também fazem parte de sua biografia. O que dizer de seu casamento com o ator Sean Penn?, com um final traumático, após muita briga na justiça, no ano de 1989. Já nessa época, a futura rainha da música pop colecionava polêmicas dignas de livros e filmes biográficos.
Nascida e criada no subúrbio de Detroit, Madonna Louise Veronica Ciccone amargou aos cinco anos de idade a morte da mãe decorrente de um câncer. Traumatizada, passa a dormir com o pai todas a noites e torna-se hipoconcríada. A todo momento acreditava que iria ter a doença que tinha levado sua mãe a óbito. Mas, Madonna supera os traumas da infância e na adolescência passa a estudar dança, vai pela primeira vez a uma boate gay e tem relações homossexuais. Em seu bairro, torna-se famosa pela relação com os garotos, tal comportamento nos faz entender as várias formas com que Madonna abordou a sexualidade nos palcos e vídeos.
O primeiro grande passo viria no final do ensino médio. Por conta de suas notas altas, conseguiu uma bolsa integral de 4 anos na Performing Art School, universidade localizada em Michigan. Longe das amarras familiares, Madonna se joga na vida e, pelo jeito, a ambição já residia nela: consegue uma bolsa na escola Pearl, e segue para Nova York. Para ganhar dinheiro, passa a trabalhar como garçonete e a posar nua para revistas e estudantes. Em 1979, atuaria em um filme pornô, "A Certain Sacrifice", pelo trabalho ganharia U$$1.000. Nessa época, ela já dançava profissionalmente e fazia backing vocal para grupos. Com a grana, a cantora grava a demo para a música "Everybody". O trabalho chega as mãos do Dj/produtor Mark Kamins e este seria o primeiro single da diva do pop, atingindo a marca de 250 mil cópias.
O início
Com cabelos oxigenados e cheia de correntes e penduricalhos pelo corpo, Madonna estréia a sua primeira turnê em 1985, "The Virgin Tour". Em 1987, causa o seu primeiro bafon midiático. Posa nua para a revista Playboy e rumores de que ela sofria espancamento de seu marido Sean Penn começam a correr pelos jornais e tablóides. Já em 1989 se livra do fardo Penn, porém, se torna alvo dos puritanos que partiriam pra cima da nova pop star.
Madonna lança no mesmo ano do seu divórcio o disco "Like a prayer". A polêmica nasceria com o vídeo-clipe da música que dá título ao álbum, no qual cantora mantém relações sexuais com um santo dentro de uma igreja. O Vaticano parte pra cima e faz com que a MTV Itália proíba o vídeo. O mesmo aconteceria em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Esses escândalos, no entanto, só surtiriam efeito positivo para Madonna. Começaria a vender milhões de discos pelo mundo inteiro e a sua imagem enquanto mito começava a ser construída a partir da legião de fãs que passaria a venerá-la como uma santa ao redor do globo.
Ainda assim, Madonna seria proibida de se apresentar em Roma com a sua "Blond Ambition Tour" e presa na Espanha após simular uma relação sexual com a bandeira do país. Tal ato era sempre praticado enquanto cantava "Lyke a virgin". Nos Estados Unidos, Madonna sofria ameaças do governo e de setores religiosos. Toda essa polêmica foi retratada no conturbado documentário "Na cama com Madonna" (se você não assistiu, vale a pena. É fácil de achar). E, quando todo mundo pensava que o documentário era o limite, eis que surge o single "Justify my Love" acompanhado de um vídeo babadeiro.
Voyeurismo, fetiche e sadomasoquismo foram retratados explicitamente no vídeo, resultado: MTV o censuraria. A música, feita em parceria com Lenny Kravitz, foi apontada como o estopim para o fim do casamento do cantor e, a mídia faria alusões de um suposto caso entre Lenny e Madonna. Nos dias de hoje, o YouTube só permite usúarios registrados e maiores de idade assistirem ao vídeo na íntegra.
O sexo dominaria a temática de Madonna em 91 com o albúm "Erótica". Dessa vez ela romperia com qualquer tipo de limite. Para promover o disco, lançaria simultaneamente o "Sex Book" e o vídeo "Erótica". O livro chegou esgotado nas livrarias e lojas especializadas. São mais de 100 imagens com a cantora nua, caminhando pelas ruas sem qualquer roupa, homens com coleira sendo arrastados e até a modelo Naomi Campbel entraria na dança em fotos para lá de pornográficas. O clipe foi proibido em diversos países, coisa corriqueira em sua carreira. Madonna passaria no Brasil em 1993, com a "The Girlie Show Tour".
Após o auge nos escândalos e polêmicas, a cantora retorna em 1994 mais calma e romântica com o disco "Bedtimes Stories". Em 1995, revela a uma revista britânica que tinha sido estuprada quando jovem. No ano seguinte, estaria envolvida em outra polêmica, ao anunciar que encarnaria Evita Peron nos cinemas. Despertou a ira dos argentinos que não aceitavam Madonna pós-erótica. O cardeal Antonio Quaracino disse que a presença da cantora era uma blasfêmia e por se tratar de uma pornógrafa ofendia a mulher argentina. Apesar de tudo, ela faturou o Globo de Ouro de melhor atriz e foi indicada ao Oscar.
Ainda no ano do filme "Evita", Madonna daria mais um passo a sua nova fase. Anunciaria a sua gravidez e daria à luz Maria de Lourdes. O pai da herderia da rainha é o preparador Carlos Manuel Leon, que apenas doou o sêmen para a cantora. As mudanças também se estenderiam para a sua música. Em março de 1998, lançaria o CD "Ray of light", o início da era eletrônica. Sem polêmicas, sem sexo, apenas o som estava diferente. Dois anos depois, Madonna se casaria com o cineasta Guy Ritchie.
Para não perder o costume, a cantora causaria já em 2001 com o vídeo do single "what it feels like for a girl", do disco "Music". No clipe, Madonna seqüestra uma idosa, rouba um carro, atira com uma arma falsa nos policiais, atropela um transeunte e, no final, comete suicídio. A MTV norte-americana e européia proibiu, apenas a HBO exibiu o vídeo. No Brasil, ele foi veiculado tranquilamente. Em 2003, faria mais um barulho durante o Video Music Awards em 2003 (premiação de clipes da MTV gringa). Em uma apresentação ao lado de Britney Spears e Christina Aguilera, beijaria as duas na boca. Justin está passado até hoje.
E, assim, Madonna se estabilizou. Escreveu dois livros infantis em duas partes intitulado "The English Roses: The Good To Be True". No cinema, desistiu de sua carreira de atriz. Em 2006, anunciou que não mais atuaria. Porém dirigiu um curta metragem que foi muito bem recebido pela crítica, "Filth and Wisdom". Assim, Madonna se fez, das espeluncas mais baixas de Detroit e Nova York ao topo mor do showbizz. Por isso, Madonna já pode ser considerada um mito, pois todos os adjetivos cabem à sua pessoa: pop star, diva, rainha da música pop…
