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“Estamos aqui para abrir mais um espaço lésbico” revelam produtoras da festa Sapataria

Hoje a cidade de São Paulo conta com três festas para meninas, são elas: Tête a Tête, Chá com Bolachas e a mais nova no pedaço, o projeto Sapataria. Essa é a caçula, mas chegou arrasando. Pra você ter uma idéia na primeira edição da festa as meninas do Cansei de Ser Sexy estiveram por lá. No início da concepção da Sapataria o grupo de meninas era formado por Josi Geller e Maria Jardini, somaram-se hoje ao time sapatônico Paty Passos, Luana Barros e Luisa da Rocha Barros. 

No longo papo que trocamos com as fofas falamos do seriado The L Word como difusor de um outro estilo de vida dyke, sobre a noite GLBT em geral, o projeto e a próxima edição da festa, onde elas foram taxativas e disseram, "a questão não é diferenciar, mas sim ampliar e completar a atitude feminina. Estamos aqui para abrir mais um espaço lésbico". Lindas!

Por que resolveram criar o Projeto Sapataria? Faça um relato do nascimento do projeto.
O Projeto Sapataria surgiu em 2007, com o intuito de promover festas para meninas que sentiam a necessidade de uma balada na qual pudessem se divertir. Inicialmente, era uma festinha pequena, realizada mensalmente na nossa casa, na Vila Madalena. Na época, era permitida apenas a entrada de mulheres. Era uma maneira de concentrar e ampliar a cultura sapatão, que até então não tinha um espaço exclusivo para se expressar. Com o tempo, a festinha começou a se espalhar pelos orkuts das minas e, sem que pudéssemos impedir, a idéia estourou – a casa, de repente, se tornou pequena, os vizinhos começaram a reclamar e os amigos fofos a indignarem-se por não poderem aproveitar a balada. Foi então que resolvemos ampliar o projeto, procurando realizá-lo em lugares maiores e diferentes, com temáticas exclusivas, e, agora, aberto para todo o publico gay. No entanto, como era de se esperar, começamos a sentir a necessidade de não apenas produzir baladas, mas também criar um local onde a cultura lésbica pudesse ser mostrada sem interferências machistas. Para isso, pensamos em promover, também, eventos sociais, como oficinas, palestras, discussões, divulgação cultural, sempre mantendo o feminismo em pauta; mas, é claro, de uma maneira bem divertida e sem limites definidos.

Como enxergam a noite voltada pra meninas?
Ela existe, e isso já é um grande passo. Até pouco tempo atrás, tínhamos que nos contentar com baladas gays masculinas, voltadas exclusivamente para satisfazer as necessidades deles, ou então, nossa única opção era um barzinho e um violão! Atualmente, podemos encontrar festas mensais dedicadas às minas (como Chá com Bolachas, Tête-a-tête, Las fufas e agora o Projeto Sapataria), realizadas em casas não necessariamente gays. Mas estamos caminhando para fortalecer nossa cultura dyke!

Já houve a primeira edição, conta pra gente como foi.
A primeira edição do Projeto em 2008 aconteceu numa casa em frente ao Jockey Club, com o tema "Dyke Doll – Entre e brinque à vontade". Ou seja, uma apologia explícita às brincadeiras infantis e à diversão, justamente no dia 08/03, o Dia Internacional da Mulher. E quem foi para conferir o que rolava na festa pôde sentir de perto a pegada firme e com atitude das bandas help! i’m a bonsai kitten, Santa Claus e Comma, além de se acabarem com o setlist da dj residente Paty Passos. A galera realmente se divertiu, com os acessórios que distribuímos no decorrer da balada – óculos, tiaras, pulseiras de néon -, além de se acabar com um quadro decorado em forma de moldura, para imortalizar os mais diversos closes das dykes presentes.

E na segunda, o que poderemos esperar/encontrar?
A próxima edição do Projeto Sapataria, Por Culpa de la Pussy,  acontecerá no dia 17 de maio de 2008, no mesmo local, e trará como foco principal de sua temática (mexicana) uma resposta caliente e divetidíssima aos diversos problemas femininos e suas verdadeiras (ou possíveis) causas e soluções. Para animar a balada, contaremos novamente com o som avassalador da dj residente Paty Passos, da dj Jennie Santiago e da dj Zuba. A galera ainda poderá curtir o dyke rock de help!  i’m a bonsai kitten, da banda Siete Armas e ainda se acabar com as doses de tequila que a chapeleira Maluca sacudirá na boca das dykes por ela selecionadas.

O que difere a festa de vocês das outras existentes?
Achamos que a questão não é diferenciar, mas sim ampliar e completar a atitude feminina. Estamos aqui para abrir mais um espaço lésbico e para brigarmos juntas contra todas as formas absurdas de machismo ou preconceito.  Porém, apesar dos nossos amigos fofos poderem participar da festa, pretendemos manter toda a produção, bandas e djs compostas apenas por mulheres. Não estamos aqui para nos opor a um trabalho pressupostamente construído por homens, mas para afirmar uma cultura vivida e construída por mulheres.

Qual é o perfil das meninas que vão à festa?
Preferimos não traçar um perfil concreto, porque nosso projeto é direcionado a todas as mulheres que se identifiquem com o que propomos. Como já dissemos anteriormente, nossa intenção é produzir baladas e eventos com temáticas variadas, atingindo, assim, todos os grupos lésbicos. Contudo, até o momento, nossas festas foram direcionadas basicamente àquelas que desejam se acabar no rock ‘n’ roll.

O seriado The L Word ajudou na disseminação da cultura dyke, digo, ao mostrar lésbicas que fogem do estereótipo comum da mulher máscula?
Claro que sim, pois nesse seriado vemos todas as problemáticas, dificuldades e diversidades do mundo lésbico, deixando claro que o estereótipo da mulher máscula é uma questão de estilo e não de orientação sexual; o que não havia sido mostrado até então, pelo menos na televisão. Além disso, o L Word mostra um mundo de mulheres que se destacam na sociedade independentemente (ou não!) de sua orientação sexual.

E som, o que toca no Projeto Sapataria?
Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que o Projeto Sapataria não é apenas uma festa, mas sim um grupo de meninas que organizam vários eventos lésbicos, como a festa mensal que é realizada aos sábados. Nesta, estamos nos focando no público rock ‘n’ roll, ou seja, buscando bandas e djs que se identificam com esse som, mas que também tocam 80s, trash e também uma pegada de electro. Também já estamos organizando outros eventos, abrindo espaço para as meninas que tocam samba, MPB, e o que for que seja o que as movam.

Vocês acabaram de lançar o site do projeto. Fale sobre.
Com a inauguração desse site esperamos contribuir com o fortalecimento de uma tradição que na maioria das vezes se esconde em guetos por falta de informação. O site oferece agenda com festas e eventos ligados à cultura lésbica, informações sobre música, sexo e humor. Além de contar com um espaço pra as dykes colocarem a boca na corneta e falarem o que pensam! Uma das propostas da página é abrir espaço também para a participação de internautas. Esperamos que todas as pessoas possam contribuir de alguma maneira, com textos, fotos, opiniões e o que mais a mulherada quiser saber, falar ou mesmo discutir. Link para o site:  www.sapataria.webs.com

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