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Estou sendo punido por ser homossexual, diz Jean Wyllys em sua defesa a relator

Deputado do PSOL discute com o relator Izar, que quer puni-lo com suspensão do mandato por ter cuspido em Bolsonaro

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Relator e representado no Conselho de Ética, os deputados Ricardo Izar (PP-SP) e Jean Wyllys (PSOL-RJ) protagonizaram um bate-boca na última quarta-feira no plenário da Câmara.

Acusado de quebra de decoro parlamentar por ter cuspido em Jair Bolsonaro (PSC-RJ), após ter sido provocado, na sessão de impeachment de Dilma Rousseff, Wyllys é alvo de um parecer de Izar que pede a suspensão de seu mandato por quatro meses por conta do episódio. Durante a discussão desta quarta, o parlamentar do PSOL disse que está sendo punido por ser homossexual.

 
– A única vez que um deputado (Carlos Alberto Lereia, do PSDB de Goiás) foi suspenso nesta Casa por 190 dias ocorreu porque ele estava envolvido num pesado esquema de corrupção, de Carlinhos Cachoeira. E Vossa Excelência está pedindo 190 dias para um deputado honesto, honrado, com mandato prestigiado internacionalmente, que nunca feriu decoro, nunca feriu a ética. Eu estou sendo punido pelo que eu sou, porque eu sou homossexual; pelo que eu defendo, pelas minhas maneiras. Essa é a razão – disse Jean Wyllys, durante a discussão. Lereia foi suspenso, na verdade, por três meses, 90 dias.
 
Tudo começou porque Izar foi se queixar no microfone de uma postagem de Wyllys na rede social, na qual, segundo ele, seu adversário afirmou que o relator está envolvido na Lava-Jato e que é homofóbico.
 
– Hoje de manhã, acordei e olhei minhas redes sociais. Havia uma enxurrada de xingamentos de homofóbico, de envolvido na Lava-Jato. Tudo isso devido a uma postagem que o representado, o deputado Jean Wyllys, colocou, insinuando meu envolvimento com a Lava-Jato e com a homofobia – disse Izar, que seguiu nas suas críticas e disse que seu nome nunca esteve envolvido na Lava-Jato.
 
O relator disse respeitar muito o próximo e que está em jogo é o seu "ato de cuspir".
 
– Não é dessa forma que ele vai fazer com que eu mude minha opinião e meu voto no relatório que fiz sobre ele. A questão da homofobia não tem nada a ver com isso. Eu sempre aprendi a respeitar o próximo, independentemente de cor, de raça, de credo, de gênero e de espécie, sabe, porque eu trabalho muito com a questão dos direitos dos animais. Então, o que está em jogo não é a questão do gênero, do sexo, da opção sexual. Não é isso. O que está em jogo é o ato de cuspir.
 
Foi a vez de Jean Wyllys retrucar e negar que tenha dito que o deputado diretamente esteja envolvido. Nas suas redes sociais, o parlamentar fluminense citou o fato de Izar ser filiado ao Partido Progressista, o partido que tem um grande número de deputados envolvidos na Lava-Jato.
 
– O texto que eu publiquei é muito claro em dizer que o Partido Progressista. O PP tem 32 pessoas delatadas no processo investigado pela da Lava-Jato. Em nenhum momento eu afirmei que foi ele. Ou ele tem problemas de leitura, de interpretação de texto, ou está agindo de deliberada má-fé. Quero deixar claro que esse texto foi publicado não para que ele mude o voto dele. O voto dele já foi apresentado. Eu não espero que o Deputado Ricardo Izar mude o voto – afirmou Wyllys.
 
– Agora, o deputado Ricardo Izar esperava o quê? Ele esperava que eu fizesse o que depois do voto dele? Que eu não me defendesse, que eu lhe mandasse flores ou escrevesse um texto corroborando o seu voto injusto, o seu parecer injusto?
 
 
 

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