Sou uma pessoa extremamente sensível. Choro por pouco e choro muito quando algo realmente me toca.
Desde que comecei a acompanhar a tragédia no Rio, não tenho parado de chorar. O ponto mais alto aconteceu ontem, vendo aquela senhora segurar com tanto amor o seu bichinho de estimação na ânsia de salvá-lo e decidir deixá-lo morrer, em favor da própria vida.
Ver a força que brotou do fundo de sua alma, agarrada àquela corda, me cortou o coração.
– E se fosse minha mãe? Minha sogra? Uma amiga? – eu pensava enquanto via, estarrecida, aquela cena caótica.
– Graças a Deus, ela conseguiu! – agradeci baixinho enquanto respirava aliviada ao vê-la salva pelos vizinhos, que igualmente tiraram forças do fundo das almas para içá-la parede acima.
– Preciso fazer alguma coisa! – a necessidade de ajudar urgia, com a mesma força das águas que arrastaram casas, vidas, carros, animais, histórias.
– Bem, além de doar dinheiro e esperar que alguma entidade idônea passe a arrecadar roupas e alimentos em São Paulo, o que mais posso fazer?
Tenho mais de 700 seguidores no Twitter e quase 7.000 no Facebook. Imaginei que propagar os meios de ajudar as vitimas do Rio seria um principio.
Além disso, me disponibilizei a tocar voluntariamente em qualquer festa que fosse arrecadar fundos para os desabrigados.
Para minha ENORME surpresa, nenhuma casa noturna ou produtor de festa se manifestou e um ou outro retuitou minha mensagem com os dados bancários da Cruz Vermelha.
Além disso, enviei mensagem para meus colegas de trabalho, avisando que iria ao banco Real depositar meu donativo e que me disporia a levar os donativos de quem não tivesse tempo de se deslocar ao banco.
NINGUÉM respondeu.
Me pergunto: se fosse algum parente, amigo ou conhecido, as pessoas teriam a mesma atitude (ou falta dela)?
Não sou religiosa, tampouco acredito em religião. Acredito em Deus, como uma força maior e isso me basta.
Mas, a maioria delas não prega que somos todos irmãos?
Se analisarmos genealogicamente, a menos que você seja índio puro, nativo do Brasil, não temos todos o mesmo sangue?
Ou, se pensarmos que todos os cidadãos do mundo vem da mesma origem (do primeiro hominidio) então, realmente, não somos todos irmãos?
Como não vai doer em mim ver alguém chorando porque perdeu tudo e não sabe como recomeçar? Como não vai doer em mim ver um pai abraçado a um filho horas a fio para salvar a sua vida? Como não vai doer em mim saber que eu ainda tenho a minha casa, o meu norte, a minha referência, uma lugar para voltar no final do dia e centenas de pessoas só tem a própria vida?
Sim, eles são meus irmãos e eu também fui vitima desse desastre.
Ouvi as desculpas mais esfarrapadas para a “não-ajuda”:
– A culpa é das pessoas que não souberam votar! (você sabe?)
– Eu não tenho dinheiro para ajudar (nem R$ 1,00?)
– Quem mandou construir em área de risco? (curiosamente, a enxurrada também atingiu área de RICOS)
– As doações nunca chegam aos que precisam (se todo mundo acreditasse nisso, o número de mortos por fome e sede teria aumentado geometricamente o número de vitimas)
Desculpas, desculpas, desculpas.
Como sugeriu meu querido colega Valtinho Fragoso “faça a sua parte e não espere ajuda dos outros”
Eu acreditei que, por ser uma pessoa razoavelmente conhecida no meio gay, tentar mobilizar outros também seria “fazer a minha parte”.
Aliás, continuo acreditando nisto, por isso estou aqui, mais uma vez, em público, tentando mobilizar você que bravamente chegou ao final deste texto, a ajudar um outro ser humano que agora precisa de qualquer tipo de doação.
Quem quiser ME AJUDAR a ajudar, sábado, dia 22 de janeiro, vou doar minha participação na bilheteria da festa TPM para a Cruz Vermelha. Portanto, pagando a entrada da festa, você também ajudará.
Festa TPM – Dia 22 de janeiro a partir das 22 horas
Front Lounge Bar – Rua Fernando de Albuquerque 77, próximo a Rua Augusta.
Preço: R$10,00 entrada; RS30,00 consumo – Parte da entrada será destinada à Cruz Vermelha
VIVA RIO (21) 2555-3750 e (21) 2555-3785
Donativos Banco do Brasil Ag: 1769-8, C/C 411396-9 e CNPJ: 00343941/0001-28
Cruz Vermelha
Banco Real, ag 0201 c/c 1793928-5
Outras maneiras de ajudar: http://t.co/fFkxnFu
Obrigada por ajudar meus parentes.