Entre os dias 29 de agosto a 1° de setembro de 2006, o Festival Mix Brasil e a Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo (CADS) promovem, no Centro Cultural São Paulo, o “Dramática – I Ciclo de Leituras Teatrais sobre homoerotismo e sexualidade”. Com curadoria dos jornalistas André Fischer e Ferdinando Martins, o programa contempla textos que lidam com a diversidade sexual, como “Santidade” de 1967, escrito por José Vicente, que foi proibido pelo governo militar e, agora, será lido pelo maior nome do teatro brasileiro, José Celso Martinez Corrêa. “O objetivo do ciclo é, de certo modo, promover a discussão sobre esse tipo de dramaturgia e mostrar alguns pontos em comum nos diferentes autores. Por exemplo, nota-se que os autores voltam-se para uma produção mais intimista, menos militante. São dramas de relacionamento humano”, comentou Ferdinando Martins para o site A Capa. Ainda segundo o curador do Dramática, “outro ponto em comum é a preocupação com os espaços ocupados na cidade – no caso, como São Paulo é, ao mesmo tempo, uma cidade que segrega e acolhe os gays”. Serviços: Centro Cultural São Paulo Rua Vergueiro, 1000 (entre as estações Paraíso e Vergueiro do metrô) De 29 de agosto a 1 de setembro Das 19h30 às 21h30 Programação 29/8 SANTIDADE, De José Vicente. Direção: Marcelo Drummond. Com José Celso Martinez Corrêa, Fransérgio Araújo e Haroldo Costa Ferrari. José Celso Martinez Corrêa e atores do Teatro Oficina lêem Santidade, de José Vicente. Esta é a primeira vez que Marcelo Drummond dirige Zé Celso. A peça conta a história de um ex-seminarista sustentado por um homossexual mais velho e afeminado. Santidade foi proibida pelo governo Costa e Silva, que disse que um texto tão pernicioso “jamais seria encenado no Brasil”. Segundo Zé Celso, José Vicente é um autor emblemático da Tropicália e precisa ser resgatado para o grande público. Santidade trata de questões ligadas a sexualidade, religião e diferenças sociais. 30/8 CINE BIJOU, de Mario Viana. Roteiro Cinematográfico: Diomédio Artemis Piskator. Direção: Sebastião Apolônio. Com Carlos Meceni, Fagner Pavan, Alessandra Cavagna e Roberto Francisco. Cine Bijou é uma história curta que mostra a decadência de um cinema de arte na Praça Roosevelt, região central de São Paulo. Para ganhar alguns trocados, o zelador do Cine Bijou deixa gays e michês usarem o cinema para encontros sexuais. O texto segue a linha de Galeria Metrópole, texto premiado de Mário Viana sobre outro espaço de São Paulo degradado pelo tempo, no caso uma galeria que nos anos de 1960 era freqüentada por gays, artistas e intelectuais. 31/8 ABRE AS ASAS SOBRE NÓS, de Sérgio Roveri.. Direção: Luiz Valcazaras. Com André Fusko, Emerson Rossini, Walmir Pinto, Rodrigo Gaion. A partir do conto “Bárbara”, de Drauzio Varella, Sergio Roveri escreveu “Abre as Asas Sobre Nós”, uma história que poderia se situar no período anterior à prisão dos personagens do conto. Ao fazer um retrato poético e dolorido da solidão e das relações que unem os personagens Bárbara, Xale, Paulo Preto e Galega, o texto também cria um mistério que irá se resolver no último segundo, num desfecho dramático. Esta é a segunda peça do projeto Bárbara ao Quadrado, idealizado pelo médico e ator André Fusko. A primeira, O Anjo do Pavilhão Cinco, de Aimar Labaki, está em cartaz desde o primeiro semestre de 2006 no Espaço Os Satyros. 1/9 SOBRE A NEVE EM FRENTE À TORRE EIFELL, de João Fábio Cabral. Direção: João Fábio Cabral. Com: Ester Laccava, Ana Souto, Fabek Capreri, Germano Melo e Fausto Brunini. Leila é uma mulher descrente de tudo, que sofre com a rejeição da mãe, com os problemas que seus amigos lhe causam e com um sebo decadente deixado de herança pelo pai. Um dia recebe a visita inusitada de Jaime, um senhor atormentado, que enxerga na própria velhice, o desespero da solidão, a proximidade da morte. Num ato de generosidade inexplicável, Jaime doa a Leila sua biblioteca, causando na moça um misto de perturbação e desconfiança. O desentendimento com a natureza, com os sentimentos, com o vazio dos tempos atuais, a infelicidade da descrença, das heranças humanas e a busca incessante de salvação permeiam o universo das personagens.
in Cultura