Espaços mantidos por ONGs oferecem proteção a refugiados agredidos por seus pares
Após denúncias de perseguições em abrigos coletivos, cidades alemãs, como Nuremberg, Berlim, Munique e Dresden, abriram albergues especiais para refugiados homossexuais.
Segundo Stephan Jäkel, da Schwulenberatung, organização de direitos LGBT baseada em Berlim, no aperto dos abrigos lotados sobem à tona preconceitos dirigidos sobretudo aos mais fracos, as minorias das minorias.
A ONG calcula que 3.500 gays e lésbicas chegaram a Berlim no ano passado.
"A convivência nos abrigos coletivos é difícil. Principalmente os refugiados que não ocultam sua identidade sexual são vítimas de agressões", contou Jäkel.
A entidade, que recebe doações dos seus associados, investe por mês cerca de € 20 mil no abrigo. Mas Jäkel diz que Berlim, a cidade alemã que mais recebeu refugiados gays, precisa de mais abrigos para evitar que pessoas que fogem de guerras continuem sendo vítimas de agressões também na Europa.
Como os governos municipais são contra a separação de acordo com a orientação sexual, o Partido Verde deu início a um projeto que prevê a criação de espaços dentro dos próprios abrigos, onde os refugiados que se sintam agredidos possam ir.
"Os homossexuais precisam de uma proteção especial porque já sofreram muito nos seus países de origem", lembrou Jäkel.
Mas a necessidade de investimentos adicionais para abrigar refugiados desperta polêmica. Mesmo depois da redução do fluxo de chegada, não houve consenso entre o governo federal e os municípios sobre quem é responsável pelas despesas.
O governador da Baviera, Horst Seehofer, presidente da União Social Cristã (CSU, parte da coalizão governista), é contra manter abrigos especiais para gays. Ele exige que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, destine mais recursos para abrigar refugiados, de modo que os governos locais paguem menos pelas estruturas.