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‘Existem gays na PM, e muitos’, diz soldado ameaçado por policiais após beijar rapaz no metrô

Desde que foi filmado em um vagão da linha 2 verde do metrô de São Paulo beijando outro homem, o policial militar Leandro Prior passou a receber mensagens de ameaças de morte de internautas e outros policiais que ficaram incomodados com a superexposição do soldado nas redes sociais e viu sua vida passar por uma mudança ao se tornar, involuntariamente, assunto nacional. O agente trabalha desde sua inserção na instituição no 13º Batalhão da PM, na capital paulista. Ele atua na Força Tática por meio do Programa Vizinhança Solidária na Cracolândia, área da região central de São Paulo conhecida pelo tráfico e consumo de drogas ao ar livre. Em recente entrevista ao G1, o agente desabafou sobre já ter sido vítima de homofobia em outras ocasiões dentro da corporação, tanto de forma explícita, quanto velada. “Houve um caso onde apontaram o dedo. Foi dito que ‘com ele eu não trabalho’. Foi direto, curto e grosso. E a pessoa disse: ‘você sabe por que’. […] Os outros casos são velados, mas esse foi o único caso mais direto antes desse caso do vídeo”, falou Prior. Prior estava afastado de suas funções até a última terça-feira, 10, e voltou a exercer seu cargo na quarta-feira, 11. O soldado está sendo investigado pela PM que considerou a postura do mesmo, em trocar carícias publicamente com namorado, ele estando fardado, “inapropriada”. Mas, segundo Leandro Prior, até a corporação informa que não há regulamento que proíba manifestações de afeto fora do ambiente profissional. “Acredito que não seja proibido pelo artigo 104 da I-24 PM, onde ela permite atos de afeto fora da administração, área de administração militar”, diz o soldado de 27 anos. Ainda, a PM informou que investigará o policial da ROTA que postou em uma mensagem no Facebook ameaçando de morte Leandro, afirmando que ele “merecia morrer na pedrada”. Gays na PM Prior, que em novembro completará quatro anos como policial militar, diz hoje sem medo: “Sim. Existem gays na PM e muitos”. O soldado relata a existência de oficiais e comandantes homossexuais na PM paulista. “Existem lésbicas, existem gays, existem trans. Continuam trabalhando e devem permanecer. Não é critério de diminuição dos índices criminais a condição sexual. Como qualquer outro lugar de chefia e direção de qualquer outra empresa ou corporação.” Segundo ele, porém, a sociedade não tem tanto conhecimento da existência de gays na PM porque eles mesmo se escondem. “Existe um enorme preconceito na Polícia Militar contra gays”, diz Prior sobre outros policiais que usam de preconceito velado dentro da corporação contra homossexuais. “Um bom exemplo são perseguições feitas por outros PMs contra subordinados.” Prior, que diz ter entrado na PM por “vocação”, se inspirou no pai, também policial militar, mas que cortou relações com o filho pelo fato de ele ser gay. O soldado também lamentou o fato de o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), ter criticado neste mês a sua atitude de beijar um amigo no Metrô. “Eu entendo que deu um certo constrangimento [à corporação]. A Polícia Militar tem as suas regras próprias”, chegou a falar França sobre o episódio envolvendo soldado. “Ninguém quer com isso fazer nenhum tipo de punição, mas é preciso ver que a farda, como eu disse, é uma extensão do estado, e a farda tem que ser respeitada. Eu não vejo significado em você usar coldre, farda, e ficar fazendo gestos de amor expresso em público, seja com homem ou com mulher”, completou França. “Eu acredito que o posicionamento do governador, ele não seja este tão somente. Ele é o chefe máximo da polícia e das polícias. Eu acredito que ele tenha um coração mais humano”, disse Prior sobre a fala de França. SSP Por meio de nota, encaminhada pela assessoria da imprensa da SSP, a pasta da Segurança informa que: “A Polícia Militar tem como um de seus alicerces a dignidade da pessoa humana e não discrimina ninguém por sua orientação sexual. É importante esclarecer que o policial procurou o serviço médico da instituição e foi encaminhado para tratamento de saúde no Centro de Atenção Psicológica e Social da Polícia Militar, portanto está afastado por motivo de saúde e sob orientação médica. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) já instaurou inquérito policial para investigar os comentários nas redes sociais. A Polícia Militar também instaurou procedimento para apurar a conduta do policial que fez uma das publicações. Além da investigação, a Instituição colocou à disposição do policial militar medidas protetivas, por meio da Divisão PM Vítima, da Corregedoria. Criada em 1983, a Divisão tem como objetivo apurar crimes cometidos contra policiais militares e dar apoio às vítimas. A conduta do PM fardado no metrô é apurada única e exclusivamente sob o aspecto administrativo, pois demonstra postura incompatível com os procedimentos de segurança que se espera de um policial fardado e armado, que exigem que esteja alerta. Cabe destacar que não se trata de um processo administrativo, e sim de uma análise com base no regulamento disciplinar (Lei Complementar 893/2001), que orientam sobre às regras básicas de segurança e cautelas na guarda de arma. O procedimento terá início quando o policial retornar as suas atividades, o que deve ocorrer quando ele receber alta médica. No caso do questionário citado não é utilizado pela Polícia Militar. As questões formuladas na entrevista, para o exame psicológico realizado durante concurso, são de livre escolha do profissional e não objetivam identificar a orientação sexual do candidato.” Com informações do G1

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