A bissexualidade, frequentemente considerada uma fase ou uma indecisão, é, na verdade, uma das maiores minorias sexuais do mundo, como discutido na nova biografia coletiva de Sam Mills, “Uneven: Nine Lives That Redefined Bisexuality”. O livro explora a vida de nove ícones, desde Oscar Wilde até Madonna, que desafiaram as normas de gênero e sociedade em suas épocas. Esses artistas, descritos como camaleões e auto-mitologizadores, utilizaram suas identidades como meio de expressão, provocando debates sobre o que realmente significa ser bissexual.
Mills argumenta que a biografia de Wilde, por exemplo, não deve ser reduzida apenas à sua famosa relação com Lord Alfred Douglas, mas também considerar seu casamento com Constance Lloyd. Essa complexidade leva à questão de como definir a bissexualidade, uma vez que o termo em si só começou a ganhar força nas décadas de 1970. Para os propósitos de Mills, qualquer pessoa que tenha se envolvido em relacionamentos afetivos com ambos os sexos é considerada bissexual, mesmo que isso ocorra em momentos diferentes.
No entanto, a inclusão de figuras como Anaïs Nin e sua relação limitada com mulheres levanta questões sobre a natureza da bissexualidade. A própria autora entrelaça suas experiências pessoais ao longo do livro, acrescentando uma camada emocional às narrativas, mas isso nem sempre se conecta bem com os temas centrais.
O livro também aborda a vida de Susan Sontag, cuja bissexualidade foi uma parte crucial de sua identidade, mas que ela decidiu manter em segredo durante sua vida. A discussão sobre a vida de David Bowie, que se declarou um “heterossexual no armário” após seu casamento com Iman, questiona se ele tinha o direito de mudar sua identidade ao longo do tempo.
“Uneven” não busca oferecer uma teoria definitiva sobre a bissexualidade, mas sim destacar a mutabilidade da sexualidade humana e os desafios de rotular desejos complexos. Ao final, o livro se torna uma celebração da liberdade sexual e um convite à reflexão sobre as experiências variadas dentro da comunidade bissexual, mostrando que, muitas vezes, as identidades não são estáticas e podem evoluir ao longo da vida.
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