A exposição “Degenerado Tibira”, que acontece na embaixada brasileira em Berlim, Alemanha, é um marco significativo para a arte queer brasileira. Com abertura ocorrida em 17 de fevereiro de 2025, a mostra é uma realização da Plataforma Imaginários e da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), e busca resgatar a memória de Tibira, um indígena maranhense e figura histórica que simboliza as lutas LGBTQIAPN+ no Brasil. Tibira foi a primeira vítima documentada de LGBTfobia no país, ocorrida em 1614, durante o período colonial.
A exposição reúne obras de 19 artistas queers, celebrando a resistência da comunidade LGBTQIAPN+ e destacando a produção de arte contemporânea brasileira fora do eixo tradicional de Rio de Janeiro e São Paulo. Eduardo Bruno, um dos curadores, enfatiza a importância de validar outras narrativas da arte brasileira, ressaltando a necessidade de dar visibilidade a artistas de regiões como o Nordeste e o Norte. “A arte brasileira no cenário internacional geralmente é associada apenas ao que vem do Sudeste, mas há uma rica diversidade em outras regiões que merece ser reconhecida”, afirma Bruno.
A chefe do setor cultural da embaixada, Maria Kallás, destaca a relevância de realizar a exposição em Berlim, uma cidade que tem grande ressonância com a temática queer. “Esse espaço nos permite evidenciar regiões do Brasil que historicamente têm recebido menos atenção internacional”, explica Kallás.
O curador Waldírio Castro também aponta para a importância do resgate histórico de Tibira, uma figura que representa não apenas a luta LGBTQIAPN+, mas também a ancestralidade dessa comunidade no Brasil. “É fundamental criar referenciais históricos de ancestrais LGBTQIAPN+, em vez de sempre se basear em eventos como a Revolta de Stonewall, que é uma referência mais norte-americana”, comenta Castro.
A exposição, que já passou por Fortaleza e Belém, é um espaço de reflexão sobre identidade, memória e resistência. Com um enfoque na arte contemporânea, ela busca mostrar que a produção artística LGBTQIAPN+ vai além das fronteiras tradicionais, reafirmando a importância do reconhecimento da diversidade e dos direitos humanos.
Degenerado Tibira está aberta ao público de forma gratuita até 14 de março de 2025, oferecendo uma oportunidade única de vivenciar e refletir sobre a arte queer e as lutas da comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil e no mundo.
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