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Exposição em São Paulo tem obras gays que vão de Picasso a Tom da Finlândia

A mostra Colección Visible, em exposição no MAC -Ibirapuera (Museu de Arte Contemporânea) desde a última terça-feira (09/09), traz retratos do cotidiano, vivência e experiência homossexual com trabalhos de Pablo Picasso e Tom of Finland passando por David Hockney e Juan Hidalgo.

Com curadoria do espanhol Pablo Peinado, a mostra reúne obras de 19 países, como Espanha, Alemanha, Estados Unidos e Brasil. A exposição nasceu com o objetivo de reivindicar "visibilidade, dignidade e direitos" . No discurso de abertura da mostra, Peinado questionou a falta de um museu gay pra preservar as manifestações culturais homoeróticas. "Se em cidades como Berlim, Amsterdã ou Nova York já há museus desse tipo, por que não um na Espanha ou num país latino-americano?"

Embora Pedro Stephan seja o único representante tupiniquim, com as imagens da mostra "Entre Amigos & Amores", o inglês Barry Michael Wolfe, radicado no país desde 86, também está na exposição. Seu trabalho surpreende pela história que o envolve.

As fotos de Barry são de um casamento acontecido em dezembro do ano passado em Rondonópolis (Mato Grosso). Os noivos eram Willian e Paola. Detalhe é que Paola é travesti. O inusitado do trabalho está justamente no apoio dos pais do casal. Em uma das imagens, Willian está abraçado a seu pai. Em outra, logo ao lado, é Paola quem está com sua mãe.

Diante da realidade brasileira de não-aceitação de filhos gays até mesmo em grandes centros urbanos, é interessante o registro de um casamento no interior do país. "No interior não. É na selva mesmo", corrige Barry.

O artista é também advogado internacional e tem um percurso acadêmico bastante consolidado. É formado em Criminologia pela Universidade de Edimburgo, com pós-graduação na Yale Law School e mestre em Direito Internacional pela Universidade de Cambridge.

Em entrevista ao site A Capa, Barry conta que começou a fotografar travestis, por este ser "um mundo onde ninguém nunca entrou", pela "irreverência" delas e por "saber que elas não têm ninguém que as defenda". A relação com este universo começou como curiosidade, depois "virou amizade", conta.

"Hoje elas dizem que as minhas fotos, por não serem de nu, são as únicas que mandam para as mães. Principalmente as que moram em São Paulo e têm família em outros Estados", revela.

Por conta de seus registros, Barry acabou conhecendo Paola, que o convidou para ir a sua cerimônia de casamento. O advogado aceitou o convite, bancou passagem e o álbum de fotos da festa. Em troca o casal cedeu o direito de imagem para que as fotos pudessem participar da exposição.

Barry também é engajado na luta pelas travestis. Além da visibilidade, paralelo a seu trabalho fotográfico, é voluntário ainda em sua própria ONG, a SOS Dignidade, que dá apoio jurídico gratuito à travestis e transexuais. Entre os planos para a entidade está o de criar uma filial inglesa da associação. No momento, Barry estuda também uma parceria com a Barong, que atua na prevenção de DST/AIDS.

A exposição ocorre paralelamente ao IV Congresso da ABEH – Associação Brasileira de Estudos da Homocultura – que vai até a próxima sexta-feira (12/09) e integra a programação do I Encontro Ibero-Americano de militantes homossexuais. A mostra fica em cartaz até o dia 19 de outubro e é gratuita. Veja no álbum de fotos algumas das obras da coleção.

Serviço
Colección Visible
Museu de Arte Contemporânea –
Pavilhão Ciccilllo Matarazzo (3º piso – prédio Bienal – acesso rampa lateral)
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº,
portão 3, pq. Ibirapuera, região sul, São Paulo, SP,
tel.:0/xx/11/5573-9932.
Ter. a dom.: das 10h às 18h. Grátis.

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