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Exposição sobre Andy Warhol continua em cartaz em SP

"No futuro, todos serão famosos por quinze minutos". Nunca uma frase foi tão profética. Disparada pelo artista plástico Andy Warhol ainda na década de 50, tornou-se uma realidade – cada vez mais forte, em tempos de internet, celebridades instantâneas, big brothers e afins.

Mas para Warhol (1928-1987) a fama não durou apenas quinze minutos. Considerado um dos artistas mais influentes do século XX, o pai da pop art continua sendo revisitado e reavaliado a cada temporada. A mais nova chance é a exposição "Andy Warhol, Mr. America", em cartaz em SP.

O material exposto é bastante eclético, abarcando desde telas e desenhos, passando por fotografias, filmes e instalações, num total de 170 trabalhos. Tem de tudo: a série de quadros com as famosas latas de sopa Campbells, a não menos célebre série com Marylin Monroe, as maravilhosas polaróides de celebridades, tudo acolchoado por frases e declarações de Warhol salpicadas nas paredes.

E nessas frases Warhol surpreende ainda mais do que nas obras. Com um humor mordaz e cínico, Andy era implacável em suas alfinetadas no sistema e na sociedade. Acompanhando uma tela que retrata Marlon Brando, o artista diz que o objeto do desejo de cada um é aquilo que queremos ser, e não alguém que desejamos. Logo, conclui ele, o sexo é uma ilusão – não se faz sexo com o ser desejado, e sim com uma projeção.

Falando em sexo, está presente na exposição o filme "Blow Job" (Boquete), rodado em 1963 e que é simplesmente um trecho de 35 minutos, onde se vê apenas o rosto de um rapaz, aparentemente recebendo sexo oral. O clássico filmete já foi inúmeras vezes citado, como na sequência inicial de "Garotos de Programa" (1991, de Gus Van Sant).

A sequência das polaróides é uma festa. Na década de 70, Warhol passou a clicar instantâneos com os ícones da época. Liza Minnelli, Debbie Harry, Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenneger, Richard Gere e até Pelé posam animados. Depois, uma série com o próprio Warhol nas polaróides – travestido, disfarçado de Tio Sam…

No mesmo setor da mostra, estão os filmes curtos onde surgem também celebridades como Bob Dylan dando depoimentos. É assustador: tais filmetes, rodados há cerca de quarenta anos, lembram os depoimentos dos enclausurados do BBB no confessionário.

A parte cinematográfica é bastante farta, com alguns dos filmes que Warhol produziu nos anos 60, sendo exibidos sem pausa. Todos em preto e branco, trazem no elenco as figuras que frequentavam o ateliê Factory de Warhol na época – entre eles, o muso Joe Dalessandro.

Tal variedade de áreas que interessavam ao artista mostra que Andy estava à frente de seu tempo: queria saber e fazer de tudo, e portanto acabava vivenciando as coisas de forma superficial – exatamente como acontece hoje, quando a vida moderna é regida pela rapidez e superficialidade das relações reais e virtuais.

Andy já estava vivendo uma realidade virtual nas décadas de 50, 60 e 70 – sem usar computador. Talvez sua única relação concreta fosse com a vida financeira. Acompanhando a tela onde vemos notas de um dólar reproduzidas em série, um texto do próprio Warhol conta: "Uma de minhas primeiras professoras de arte me disse para eu desenhar as coisas de que mais gostava. Foi assim que comecei a pintar dinheiro".

Serviço:
Exposição Andy Warhol, Mr. America
Estação Pinacoteca – Largo General Osório, 66 – Luz – São Paulo
Ingresso: R$ 6 (terça a sexta e domingo); Aos sábados a entrada é gratuita.
Em cartaz até 23/05

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