Dan Choi tem uma história diferente de muitos gays que reprimiram sua sexualidade no Exército. O jovem californiano de origem coreana, se alistou na academia militar de West Point aos 17 anos, em 1998.
Entre 2006 e 2007, serviu na Guerra do Iraque e, a partir daí, depois de conhecer seu primeiro namorado, resolveu contar aos pais sua orientação sexual, virou ativista contra a política "Don’t ask, Don’t tell" (não pergunte, não conte) e ainda foi ao programa de TV "The Rachel Maddow Show", no qual assumiu publicamente sua homossexualidade. Tal atitude gerou sua expulsão do Exército.
Em entrevista ao jornal "Folha de São Paulo", o ex-militar contou que pensava em sua homossexualidade como uma fase e, com a entrada no Exército, tudo iria passar.
"Sempre achei que fosse uma fase [a homossexualidade], pensava que era um pecado e que precisava mudar. Talvez rezando, saindo com todas as garotas, me ‘curasse’. Pensava que talvez não fosse masculino o suficiente. Se entrasse para o Exército, jogasse futebol, não seria gay", pensava Dan.
No entanto, foi justamente no Exército que Dan soube que existiam mais pessoas como ele, gays. "Eles estavam dando festas, saindo com homens, fazendo tudo isso secretamente. Como fiquei tão de fora? Estava tão focado em estudar árabe… Tinha de ser o melhor, não tinha tempo para sair com ninguém", contou.
Antes de se assumir, em 2006, Dan foi servir na Guerra do Iraque e até pensou que seria bom se não voltasse vivo da missão. "Ficou mais e mais difícil ficar em silêncio, porque você está em situações de vida ou morte. Parte de mim estava tão triste por não poder viver a minha vida, que pensei: ‘talvez fosse bom se eu morresse aqui’."
Foi então que, no fim de 2008, Dan decidiu dar um basta em seu sofrimento e contar aos seus pais que era gay. "Depois que fundamos o grupo ‘Knights Out’, que reúne ex-alunos da academia em favor da causa gay, tivemos muita exposição. Três meses depois de contar aos meus pais, estava na TV falando sobre ser gay e ainda estava servindo".
Com a aparição na TV, o Exército processou Dan. "Tive de depor, e disseram: ‘A única coisa que pode fazer para ser inocente é dizer que não é gay. Se disser que é gay, é culpado’."
"E eu disse: ‘Sou gay! Não vou mentir para vocês. Aqui fora vocês têm um pôster que diz ‘não deixe nenhum soldado para trás’. E todos os soldados gays? Estou fazendo o trabalho de vocês, dizendo a eles que não estão sozinhos!".
Em julho, o Exército expulsou Dan. Os papéis de exoneração foram mandados para os seus pais, sem ele saber. Dan Choi só soube um mês depois que não poderia mais servir.