A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) liberou novamente as verbas destinadas ao projeto Baladaboa, de prevenção dos danos causados pelo uso da droga ecstasy. Carlos Vogt, presidente da instituição, havia vetado o dinheiro mês passado por conta da irresponsável polêmica gerada pela mídia, que acusou o projeto de fazer apologia ao consumo de drogas ilícitas.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o assessor da Fapesp, Fernando Cunha, admitiu nunca ter visto um caso de bloqueio de verba "a partir de noticiário de imprensa" e não de critérios científicos.
"A atuação de boa parte da mídia foi catastrófica", afirma Stella Pereira de Almeida, pós-doutoranda em psicologia e coordenadora do projeto.
O problema apontado pela mídia estaria no material distribuído em boates e faculdades, no qual as pessoas eram alertadas sobre o risco do consumo indiscriminado das famosas “balinhas”.
Recomendações como a de tomar apenas meio comprimido de cada vez e ingerir líquidos foram interpretadas como um "manual de uso" da droga. A fase de distribuição de flyers já havia praticamente terminado quando as verbas foram suspensas. "Estávamos fazendo distribuições adicionais em clubes como D-Edge, Aloca e Vegas".
Iniciativa do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), o projeto Baladaboa é pioneiro no esclarecimento dos riscos do uso de ecstasy e na defesa de políticas de redução de danos.