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Faróis da Argentina quando acendem

Na minha última viagem de férias, me peguei pensando sobre o final do ano. Cheguei a Buenos Aires no dia 30 de Dezembro. E o que me levou a refletir sobre o assunto foram os faróis da capital Argentina.

Ao invés de três fases, os sinaleiros argentinos, possuem quatro fases. Quando está verde, antes de fechar ele passa para o amarelo e depois para o vermelho. Até aí, tudo igual. Mas do vermelho, antes de passar para o verde, a luz amarela se acende mais uma vez por alguns segundos, como um aviso de que a rua vai voltar a fluir. E então, o farol estará aberto novamente.

Os balanços que todos fazemos quando faltam poucos dias para iniciar um novo ano, nos levam sempre a pensar nos planos que queremos colocar em prática no ano seguinte. E a angústia chega justamente quando nos percebemos impossibilitados de colocar aqueles planos em prática. Porque o ano não começou ainda, o país pára de funcionar até que passe o carnaval e aqueles planos não passam de possíveis planos.

Para um ser humano comum isto não deve causar nenhum tipo de incômodo. No entanto, para seres angustiados, ansiosos e na batalha para colocar o adjetivo estável na sentença, depois da palavra vida, isto pode causar grande comoção.

A abertura de um novo negócio, a sonhada mudança de emprego, encomendar um segundo filho… Quando aprendemos a nos organizarmos em torno de um calendário funcional para todos, o que pode acontecer caso não prestemos atenção é que depois de algum tempo nós não mais o estamos consultando e sim obedecendo a ele, como se fosse uma regra intransponível. Mas como um calendário mundial pode comandar tantas pessoas diferentes?

Será que está certo passar dias, muitas vezes semanas, na luz amarela, somente esperando um sinal abrir para correr com nossos planos? Ou estamos sendo enganados por nossos olhos daltônicos que não distinguem as cores que precisamos enxergar como indivíduos?

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