"Sou uma gordinha de bem com a vida que adora o que faz". É assim, orgulhosa dos quilinhos a mais, que Thália Bombinha se define em seu perfil no Orkut. Peso pesado do humor, a drag encara com absoluta tranquilidade a dura rotina de shows e eventos que faz em São Paulo e pelo interior do Brasil.
Quando surge no palco, não há quem não ria com suas paródias e imitações, que se tornaram célebres entre o público gay que frequenta boates como Blue Space ou Tunnel. Impossível esquecer as vezes que Thália mexe a cabeça de um lado para o outro para imitar os gigantes bonecos de Olinda. Ou então quando resolve "tombar" as próprias colegas em cena, que ficam desconcertadas com suas piadas rápidas e certeiras.
Thália Bombinha é simplesmente um fenômeno, inclusive na internet. Seus vídeos "O Viado Veste Pra Dá" e "A Drag a Gozar", vencedores do Show do Gongo, rapidamente se espalharam pela rede e foram vistos por milhares de pessoas. Longe do YouTube, a drag ficou conhecida do grande público quando estrelou, ao lado de Natasha Rasha e Stefanie de Bourbon, o espetáculo "Coisa Boa pra Você", no Teatro Folha. Com casa cheia em quase todas as sessões, o espetáculo catapultou o nome da drag para além dos clubes gays.
No próximo domingo, Thália Bombinha faz aniversário ao lado dos amigos em festa na Tunnel, que terá nas pick-ups os DJs Gustavo Vianna, Jura, Paulo Pringles, Alexx, Edu Pietro e a drag Ginger Hot. Thália promete não apenas comemorar as 38 primaveras, como também todos esses anos de carreira, marcados por situações hilárias e inesquecíveis.
Em entrevista ao site A Capa, Thália comenta sobre seu sucesso nos palcos e na internet e diz que o humor também pode ser uma arma infalível contra a homofobia.
Desculpe a pergunta indiscreta, mas quantos anos você está completando, Thália?
38.
Como você está se sentindo mais velha, ou melhor, mais sábia?
É claro que ninguém quer envelhecer, mas devemos concordar que a idade nos traz experiências. Isso, com certeza, nos torna pessoas melhores.
Você vai comemorar seu aniversário entre amigos na Tunnel. Que importância tem as amizades pra você?
Amizade é tudo na vida de uma pessoa. Sempre brinco dizendo que pais, irmãos, parentes, Deus te dá. Os amigos você escolhe.
Ao longo desses anos de carreira, você já sentiu competição na noite?
A competição existe como em qualquer outro ambiente profissional. O problema é como você lida com isso. Eu procuro fazer sempre a minha parte em um show. Todas temos dias bons e outros ruins. Se meu show não foi bom hoje, vou procurar melhorar no próximo. Mas existem pessoas que não pensam assim e se incomodam com o fato de você ser mais aplaudida do que elas naquele dia e começam a apelar em cena.
Como foi ser estrela dos vídeos "A Drag a Gozar" e "O Viado Veste Pra Dá"? Você tinha noção de que eles fariam tanto sucesso?
Foi maravilhoso. Quando o Kiko [Kiko César, diretor dos dois vídeos] me convidou não imaginei a repercussão que isso teria. Achei que após o Show do Gongo os vídeos seriam esquecidos rapidinho (risos). Mas ainda hoje as pessoas vêm comentar comigo sobre eles.
Durante algum tempo você esteve em cartaz no Teatro Folha para um público mais amplo, não somente o gay. Como foi a resposta?
Muito legal. Confesso que no início fiquei com um pouco de receio de como o público reagiria com drags em um teatro. No espetáculo, além de mim, tinha Natasha Rasha e Stefanie de Bourbon. Me lembro até hoje que o Antonio Fagundes, ao final do espetáculo, veio até mim e disse: "Você é maravilhosa". Quem não quer receber um elogio desses de um profissional como ele?
É diferente se apresentar para o público hétero? Por quê?
Sim. O público gay é mais exigente e isso faz com que a gente procure melhorar cada vez mais. Fazer humor para os héteros é mais fácil. Muitas vezes a gente faz uma simples careta e eles morrem de dar risada.
Você lida muito bem com o improviso, mas ele já te fez passar por alguma situação constrangedora?
Constrangedora, que eu me lembre, não. O problema do improviso é que o raciocínio tem que ser bem rápido e algumas vezes a piada não sai como esperamos. Já aconteceram algumas vezes da piada não ter graça nenhuma e a gente (show de humor geralmente é em grupo) acaba rindo uma da outra. Aí o público ri daquela situação e acaba esquecendo a piada que não deu certo.
Quantos shows você faz por semana? Como arranja tempo pra cuidar da vida pessoal?
Conheço pessoas que trabalham (na noite) de segunda a segunda. Eu prefiro trabalhar aos sábados, viajando, e faço parte do elenco fixo de quase todas as casas GLS, aos domingos. Eventos (aniversários, casamentos, chás de cozinha) geralmente são no meio da semana, então sobra bastante tempo pra minha vida pessoal (risos).
Quem é, hoje, a celebridade mais fácil de imitar?
Acho que não existe o mais fácil ou mais difícil. A gente tem sempre que estar sintonizado com o que está acontecendo no mundo. As sátiras surgem daí, do cotidiano, das novelas do momento, das notícias do dia a dia etc.
A maioria dos internautas votou contra o projeto que torna crime a homofobia no site do Senado. Você acredita que o trabalho que você faz na noite pode ajudar de alguma forma o combate contra o preconceito?
Sim, claro. Cada vez que vou trabalhar em uma festa hétero chego com um pouco de receio de como as pessoas vão me receber. Mas sempre que saio tenho a certeza que apaguei a homofobia da cabeça de muita gente.
Outro dia fui animar um chá de bebê de um casal tradicional – eu já havia trabalhado na festa de casamento deles – e qual não foi minha surpresa quando me deparei com um quadro com uma foto minha com eles. Perguntei o porquê do quadro e ela me respondeu que aquele foi um momento tão feliz pra eles que resolveram registrar. Imagine só minha emoção. Agora estou esperando o convite pra animar o batizado do bebê (risos).
Já sobre os shows em boates, imagino que quando alguém do público conta o que assistiu ou mostra através da internet (no YouTube etc.) as pessoas perdem aquela imagem de que boate gay é "inferninho".
Serviço:
Aniversário de Thália Bombinha na Tunnel
Domingo, dia 6 de dezembro, a partir das 19h
Endereço: Rua dos Ingleses, 355.
Entrada: De R$ 5 a R$ 10
Telefone: (11) 3285-0246