Como parte dos eventos do Mês do Orgulho LGBT aconteceu ontem (11), no Vale do Anhangabaú, a 9a edição da Feira Cultural LGBT, a melhor de todas realizadas até agora.
Com atrações para todos os gostos e público diversificado, a feira ocorreu num clima de festa e paz. Estandes de todos os tipos dividiam o amplo vale: igrejas, órgãos governamentais, agências de viagens, ONGs e lojas, onde se encontrava de tudo, desde filmes pornôs (inclusive alguns lésbicos) até roupas indianas, cintas-ligas e camisetas com displays eletrônicos. Apesar de tanta variedade, porém, havia pouca coisa direcionada especificamente ao público lésbico e bissexual feminino.
Perguntamos a alguns expositores da feira como viam e se conseguiam explicar a predominância de produtos direcionados aos gays masculinos. A maioria deles concorda que as lésbicas ainda são “invisíveis” e que isso impede investimentos neste público, já que o mercado é inseguro.
Clóvis Casemiro, Gerente Comercial de Turismo GLS da TAM Viagens, diz que no Brasil faltam pesquisas de mercado que apontem as necessidades e desejos de nós lésbicas. Segundo ele, de todos os pacotes vendidos aos LGBT, no máximo 10% são comprados por lésbicas, o que pode significar duas coisas: ou nós lésbicas ainda temos medo de comprar pacotes direcionados ou o mercado ainda não conseguiu criar produtos que realmente nos interessem.
Clovis também afirmou que, comparado aos Estados Unidos, por exemplo, onde só a Associação de Turismo GLS tem aproximadamente 20 anos, o movimento LGBT no Brasil é recente, mas que estamos avançando rapidamente, e logo este panorama deve mudar, com a iniciativa privada olhando com mais atenção para este segmento e, portanto, para as mulheres homossexuais.
De qualquer forma, a feira de ontem conseguiu mostrar que nós lésbicas ainda somos um público ignorado pelo mercado, e que só teremos produtos e serviços de qualidade direcionados a nós se mostrarmos quem somos e o que queremos. Resta saber se alguém, algum dia, estará interessado em saber isso, além de nós mesmas.