Você deve estar pensando:
– Gente, a Nina pirou, o Dia da Mulher foi ontem!
O Dia da Mulher, da mulher de verdade, a que não tem “aquilo” roxo, mas tem muito peito para encarar a vida, deveria ser comemorado todos os dias.
Apesar de bastante divulgado, poucas pessoas sabem realmente o que significa esta data.
No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e reivindicaram melhores condições de trabalho, como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas.
Qualquer semelhança, não é mera coincidência. 158 anos depois, ainda lutamos pelos mesmos direitos.
Nossos salários são inferiores aos dos homens, no ambiente de trabalho, sofremos com o assédio sexual e moral e a jornada continua extensa, visto que as tarefas são triplicadas quando chegamos em casa e ainda assumimos as demandas do lar. Só não somos queimadas dentro das fábricas porque hoje a justiça corre mais rápido e os responsáveis seriam presos com mais eficácia.
No dia 8 recebemos rosas, congratulações, presentinhos, eventos em parques e praças públicas e no dia seguinte, voltamos à marginalidade.
Que tal se recebêssemos dignidade ao invés de rosas? Melhores salários ao invés de shows em locais públicos? Um política de saúde que não nos aviltasse e um programa sério de prevenção de doenças características do gênero feminino?
Seria o melhor presente que poderíamos ganhar e nossas irmãs, cabonizadas há tantos anos atrás, receberiam, por fim, a redenção que tanto merecem.
Parabéns mulher, pela garra, pela coragem, pela força, pela capacidade de resiliência, pela paciência e por não perder, apesar de tudo, a graça, a delicadeza e a ternura.
Parabéns hoje e todos os dias que estão por vir.