O documentário “Felizes para sempre”, de Ricky Mastro, é um dos destaques do 17º Festival Mix Brasil, que acontece de 12 a 27 de novembro em São Paulo.
“Felizes para sempre” faz parte do projeto Fucking Different São Paulo. O documentário e outros onze vão compor uma coletânea que se transformará em um longa-metragem que vai integrar a programação do festival e depois viajará o mundo.
Segundo o diretor, o objetivo inicial do projeto era falar sobre o estereótipo dos gays em relação às lésbicas. “Eu já conhecia o modelo gay, mas queria entender como isso funciona entre as lésbicas”, diz Mastro. De novembro do ano passado a junho deste ano, o cineasta recebeu mais de 100 e-mails de casais de mulheres querendo participar do documentário.
“Todos os casais reproduziam de uma maneira ou de outra o padrão heterossexual. Comprovou-se, por exemplo, que algumas lésbicas são mais fiéis e, por outro lado, umas se aproximam do modelo de relacionamento do gay masculino, o que me assustou”, conta o diretor.
Mastro diz que também ficou surpreso com a resposta de classes mais humildes. Inicialmente, o documentário era para ser chamado “Lésbicas Fiéis”, mas a experiência do dia a dia fez Mastro mudar o título do filme. “Como eu queria ter um foco na terceira lésbica, as lésbicas que vivenciavam essa fase da vida, por incrível que pareça, não se consideravam lésbicas. Não sei se há uma lacuna de geração entre as novas lésbicas ou se as lésbicas mais velhas viveram um ambiente tão repressor, pseudo liberal, que não assumem sua orientação sexual”, observa o cineasta.
Sem conseguir selecionar ninguém a partir das entrevistas, Mastro acabou conhecendo mais tarde Lu, 62, e Ligia, 51, que vivem juntas há 30 anos e é o único casal retratado no filme. “O engraçado é que Ligia precisou da autorização da irmã para participar do projeto. O documentário serviu para que Lu fizesse uma espécie de homenagem à companheira”, conta o diretor.
O trailer de “Felizes para sempre” já está na rede e pode ser assistido aqui.