Pegando o gancho da semana da Parada Gay em São Paulo, o circuito exibidor das salas de cinema programou algumas estreias temáticas para a sexta-feira (04/06).
A mais aguardada é sem dúvida "O Golpista do Ano", título infeliz para "I Love Phillip Morris". O longa vem sendo comentado há tempos, por inúmeras razões. Para começar, o protagonista é um gay enrustido (Jim Carrey), que abandona a família para viver com um namorado (o astro brasileiro para exportação Rodrigo Santoro). Na fase seguinte, ele encontra o grande amor de sua vida (interpretado por Ewan McGregor).
Além do inusitado plot e da atuação do casal gay encarnado por Carrey e McGregor, existe a presença de Santoro. O ator brasileiro surge como o personagem "sensual" do longa, já que a dupla central segue o estilo "pastelão" de atuação, optando pela comédia rasgada.
O lançamento do filme foi adiado diversas vezes nos EUA, e consequentemente no Brasil, segundo consta por problemas com a censura – até obter uma classificação que não fosse tão restritiva.
Em termos de elenco, não existem tantas novidades, já que McGregor está careca de interpretar gays ou bissexuais no cinema: "Cova Rasa", "O Livro de Cabeceira", "Velvet Goldmine" entram na lista. Santoro também já está acostumado com o setor: foi travesti em "Carandiru" e bissexual no argentino "Leonera". De qualquer forma, vale conferir o filme, que tem muito bom humor e conta uma história instigante e bizarra, inspirada – acredite – num fato real.
Outra excelente opção é "Dzi Croquettes". O documentário dirigido por Tatiana Issa e Raphael Alvarez faz um retrato do importantíssimo e pouco lembrado grupo teatral musical, que marcou época na década de 70, com shows absurdos e revolucionários.
Tatiana é filha de Américo Issa, cenógrafo do grupo, e passou a infância nos camarins da trupe. Ao lado de Alvarez – ex-ator mirim da TV Globo, onde atuou na novela "A Gata Comeu", de 1985 -, ela monta um mosaico deslumbrante e emocionado.
Trazendo entrevistas com atores, diretores, músicos e artistas que conviveram com os Dzi – além de alguns dos próprios ex-integrantes, que sobreviveram ao massacre de mortes que atingiu o grupo ao longo das décadas de 80 e 90 -, o filme mescla tais depoimentos deliciosos com cenas de arquivo das anárquicas apresentações do grupo.
Entre os entrevistados, surgem figuras como Marília Pêra, Betty Faria, Maria Zilda e a inesquecível Duse Nacaratti, falecida em 2009 – e que revela ter sido a criadora do termo "tiete", em trecho hilário do filme. As Frenéticas também dão seu recado, mostrando que foram legítimas herdeiras dos Dzi.
As cenas de arquivo são absolutamente antológicas, provando que o trabalho exímio e fantástico da trupe continua ousado e atual, mesmo após quase 40 anos. Enfim, um documentário saboroso, comovente e obrigatório para toda e qualquer bicha brasileira. Devia cair na prova do vestibular.
Encerrando o rol de estreias gays da temporada, "Patrik 1.5" é o terceiro lançamento do selo Festival Filmes, antes batizado como Filmes do Mix – o primeiro foi "De Repente Califórnia", em 2009. Desta vez, trata-se de um filme sueco sobre um casal gay que tenta adotar uma criança em uma antiquada cidade no interior da Suécia.
É um filme simples e delicado, que envereda pela comédia leve sem cair em dramalhões folhetinescos. Vale reforçar que a direção é de uma mulher, Ella Lemhagen. "Patrik 1.5" não estreia esta semana, mas chega logo mais às telas: entra em cartaz no dia 18 de junho. Confira crítica sobre o filme aqui.
Serviço:
O Golpista do Ano
A partir de sexta 04/06 no HSBC Belas Artes e circuito
Dzi Croquettes
A partir de sexta 04/06 no Espaço Unibanco de Cinema e circuito
Patrik 1.5
A partir de 18/06 em salas a confirmar