Em 10 de maio de 1998, começava a domingueira Grind no clube A Lôca. Criada pelo DJ André Pomba (foto), a proposta era tocar rock para o público gay e lésbico. O sucesso foi fulminante e a festa logo começou a galopar, a caminho de se tornar a grande dama da noite GLS paulistana. O grande boom aconteceu no período entre os anos de 2001 – quando deixou de se tornar uma matinê e passou a funcionar até a manhã de segunda-feira – e 2006.
Nessa época, o Grind virou pop. Começou a receber visitas ilustres como Marina Lima, Ana Paula Arósio, Otávio Mesquita e Luciana Gimenez. Até Tônia Carrero, do alto de seus 80 e poucos anos, deu as caras no local.
Em 2008, quando completou 10 anos, o Grind recebeu um grande presente: a publicação do livro "Tragam os Cavalos Dançantes", escrito pelo jornalista Lufe Steffen. O livro faz uma radiografia dessa primeira década de vida da festa, contando com mais de 100 depoimentos de DJs, frequentadores, performers e agregados.
A obra resgata episódios históricos como a visita de Marta Suplicy (então candidata à prefeitura de SP) à festa, os preparativos para a inauguração do Grind, bastidores gerais, e relembra as mais inesquecíveis performances exibidas no palquinho da casa.
Naturalmente, com o sucesso da festa, aconteceu a inevitável popularização e a consequente desilusão por parte de alguns frequentadores pioneiros. Críticas surgiram, muitas pessoas deixaram de frequentar. Musicalmente o Grind tornou-se mais eclético, abarcando outras correntes musicais. Dance, electro, trance, pop, e até funk entraram no cardápio, para desespero de alguns e alegria de outros. Tudo isso sem abandonar o rock, berço da festa.
Mudanças ocorreram. Uma das mais recentes e notadas foi a saída de Michael Love, que no passado reinou absoluta na porta e no palco da festa, fazendo a linha MC da noite ao apresentar os performers, e repetindo sua indefectível performance de "Celebrity Skin", da banda Hole. Atualmente, a hilária e sempre refrescante Bianca Exótica assumiu a apresentação dos shows.
Houve uma vez em que Pomba declarou acreditar que a festa teria apenas mais dois anos de vida. Isso foi em 2003. Passaram-se sete anos e o Grind continua de pé. "Acho que o principal mérito do projeto Grind foi mostrar que era possível você ser você mesmo na noite e curtir rock, sem seguir os padrões pré-estabelecidos na noite gay", comenta Pomba. "Muitos tiveram e ainda têm o Grind como porta de entrada na cena e para se assumirem. Antes eu achava que tudo era muito efêmero e hoje na noite paulistana temos exemplos de projetos de longa duração".
Assim, o Grind completa 12 anos oficialmente neste domingo (16). A celebração começa com coquetel especial só para convidados das 20h30 às 22h30, e segue pela noite adentro com os DJs Hanilton Scofield, Marcelo Ox, Serjô, Junior Fucci e Leandro Nomura. A performance da noite é internacional: A+D, de San Francisco, "os reis do mashup bootleg". Além da discotecagem do próprio Pomba e do show de Bianca.
Apesar de o Grind não ter mais o mesmo frisson de outros tempos, ainda é uma noite certa, que sempre vale a pena ser visitada e degustada. Que venham mais doze anos.
Serviço:
Festa oficial de 12 anos do Grind
Domingo – 16/05/2010
A Lôca – R. Frei Caneca, 916 – Bela Vista
Preço: R$ 15 com flyer ou até 22h / R$ 25 após 22h