O festival Sunny Bunny, dedicado ao cinema LGBTQIA+, abrirá sua terceira edição em Kyiv no dia 18 de abril, enfrentando uma grave crise de financiamento após o corte de apoio financeiro do USAID, promovido pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Esse programa estava em parceria com o governo ucraniano e organizações civis para fortalecer a democracia no país, e o Sunny Bunny era um dos beneficiários, tendo evoluído em 2023 a partir da vertente queer do longa-established Molodist Film Festival.
O diretor do festival, Bohdan Zhuk, expressou a preocupação com o orçamento reduzido: ‘O principal desafio tem sido o orçamento. Não temos o financiamento americano que tínhamos antes.’ Além disso, muitas organizações internacionais que apoiam grupos de direitos humanos e LGBTQIA+ não conseguiram fornecer auxílio devido à falta de recursos para projetos na Ucrânia. Isso impactou a capacidade de contratar pessoal e limitará a presença de convidados internacionais.
Embora o festival receba alguma ajuda da Agência Estatal de Cinema da Ucrânia, que é crucial para demonstrar apoio governamental, a falta de suporte da cidade de Kyiv é desanimadora. O orçamento deste ano é de €40.000, comparado aos €80.000 de 2024. O Sunny Bunny conseguiu parcerias com embaixadas de países como Espanha, Itália e Argentina, além do Centro Checo e do Instituto Francês, e está buscando mais doadores privados.
Zhuk afirmou que não é viável cobrir a falta de financiamento apenas com a venda de ingressos, que custam em média €4: ‘Não podemos aumentar o preço dos ingressos devido à difícil situação econômica na Ucrânia. Queremos que as pessoas venham assistir aos filmes.’
O festival, que promove o cinema queer ucraniano e internacional, começará com a estreia do documentário ‘Queens Of Joy’ de Olga Gibelinda, que foi apresentado no Festival de Documentário de Tessalônica. Outras exibições incluem ‘Viet And Nam’ de Truong Minh Quy, que estreou em Cannes, e ‘Four Mothers’, vencedor do Festival de Cinema de Londres, que será lançado neste fim de semana no Reino Unido e na Irlanda.
Apesar das dificuldades, o Sunny Bunny continua a ser um espaço vital para a comunidade LGBTQIA+, promovendo a diversidade e a resistência cultural em um contexto desafiador. Em edições anteriores, o festival já enfrentou ameaças e violência, como no ataque de um incêndio durante o Molodist em 2014 e atos de vandalismo homofóbico. Para garantir a segurança, o festival também oferece treinamento a voluntários e funcionários e coordena com a polícia para aumentar a segurança durante as exibições.
A luta pela realização do festival é um reflexo das dificuldades enfrentadas pela comunidade LGBTQIA+ na Ucrânia, especialmente em tempos de conflito. O diretor do festival, Zhuk, revelou que um de seus irmãos foi morto na linha de frente, aumentando a carga de trabalho da equipe reduzida, que se vê sobrecarregada por membros convocados ao serviço militar.
O Sunny Bunny não é apenas um festival, mas um símbolo de resistência e esperança em tempos difíceis, mostrando que a arte e a cultura podem florescer mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.