Esta semana fui tomado num jantar entre amigos por uma questão que me causa enorme fascínio: filhos. Explico: uma amiga me contava da discussão em sua classe de pós-graduação, depois que seu professor de Teologia fez a seguinte pergunta (que eu faço também a vocês): você programaria um filho em laboratório? Entre outras questões, ele falou do Darwinismo e das teorias de seleção sexual que a mulher usa desde os primórdios, para trazer um herdeiro de seu macho-ultra-mega-alfa respaldado e seguro à Terra.
Discutiu-se se as crianças descartadas no processo (abortados, vítimas de morte súbita, etc.) não passavam de vítimas da seleção natural. Mas frente ao sofrimento que se passa neste processo de perda, não seria mais interessante que ele saísse livre de defeitos, do tubo de ensaio para o ventre da mãe? Os puristas dizem que não. Os tecnológicos gritam que sim. E numa mesa de bar, esta discussão pode ser mais acalorada que os conflitos no Oriente Médio.
A idéia de filhos está muito ligada ao romantismo do ato amoroso entre duas pessoas que, através do gôzo, geram uma nova vida. Esta é a versão que eu mais gosto, devo admitir. Mas algo em minha sexualidade me diz que não vai acontecer comigo… Isto já foi motivo de revolta com Deus durante algum tempo. A idéia de que jamais poderia dizer para alguém: “Aqui está a prova maior do meu amor por você, o nosso filho!” Acho este poder de presentear o seu amor com outro amor inigualável.
Minha amiga em questão causou furor em sua sala, quando disse que não programaria um filho, nem tiraria um de sua barriga-cartola mágica. Pois ela queria adotar. O professor indagou se ela sentiria que o filho seria dela, sendo adotado? E ela respondeu que sim, sem piscar. Devo dizer e ela sabe que sou bastante partidário desta escolha dela, por muitos motivos. Acho que é uma maneira de tentar consertar (ou tentar contornar, ao menos) uma porção de falhas da sociedade, sem contar as questões de superpopulação do nosso planeta. Ainda assim não condeno aqueles que fazem um bebê para chamar de seu.
O que mais me chamou a atenção depois de tudo isso, foi perceber o quanto eu me sinto no caminho de tomar este passo; me pego ansiando este dia sem a menor vontade de disfarçar. Família é uma questão tão importante para mim e que eu quero tanto. Mas como é que eu posso querer uma casa, um marido, um filho, um golden retriever,… se não tenho nem o primeiro pilar para começar a dar linha nestes outros planos: o marido? E será que este é mesmo o primeiro passo de alguém que não precisa de companhia para gerar filhos e todo o resto?
Será que fomos programados a enxergar uma família estruturada desta maneira? Ou é mesmo assim que deve acontecer? Eu ainda não sei responder a estas perguntas. Mas sigo no caminho de conquistar este que parece ser o passo mais importante da minha existência, e pelo qual anseio. Que cara teria o meu filho, já que não seria eu a dar esta característica para ele? Será que importa? Tudo o que sei é o caráter que posso dar a ele.