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Filme mostra relação entre avô gay, pai preconceituoso e neto simpatizante

Lokas é um filme sobre aceitação. Exibido na 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o longa é uma co-produção entre México e Chile dirigida por Gonzalo Justiniano.

A história começa com Charly (Rodrigo Bastidas), um homem um tanto quanto preconceituoso, que, por conta de uma picaretagem, perde o emprego e acaba na prisão. Após ser tirado da cadeia por sua mãe, ele é informado que seu pai, que não vê há 30 anos, comprou passagens para que ele e seu filho Pedro (Raimundo Bastidas) morem um tempo no Chile.

É aí que de fato o filme começa a engrenar. Enquanto Charly e Pedro desembarcam no aeroporto chileno, Mario (Coco Legrand), um senhor muitíssimo afetado, conversa no carro com seu companheiro Flavio (Rodrigo Murray), antes de buscar seu filho e neto. O casal decide não omitir a relação. "Somos o que somos", diz Mario.

Ao saírem do aeroporto, pai e filho vêem um casal gay trocarem um selinho de boas vindas. Quando o menino aponta para a dupla de homens e diz ao pai que se trata de dois gays, Charly diz que eles são russos e que o selinho é um costume local. Quando pai, filho e neto se encontram, um clima de desconforto se instaura entre Flavio, Mario e Charly.

A tensão logo se desfaz. Cenas cômicas acontecem quando Charly e Pedro chegam ao apartamento do casal. A casa é toda decorada com peças de arte de viés homoeróritico. A princípio, Flavio é apresentado como um amigo de Mario. Mas, diante de tantos indícios, não há como disfarçar algo indisfarçável, como o relacionamento de ambos.

A ida de Charly ao Chile é para que ele dê novos rumos em sua vida. Flavio, então, lhe consegue emprego. O trabalho de garçom na Lokas, uma boate GLS que só contrata homossexuais, vale pelo bônus de um salário promissor, mas acarreta o ônus de rever preconceitos enraizados. Heterossexual e um tanto quanto preconceituoso, Charly tem que se passar por gay.

A partir daí, o filme ganha contornos bastante previsíveis, tomando ares do que poderia ser uma comédia romântica clichê norte-americana. Uma das gerentes da Lokas é a heterossexual Liliana (Fabiola Campomanes), com quem Charly acaba fazendo amizade e desenvolvendo forte intimidade. Daí para que a revelação do "passado sujo" do rapaz venha a tona não falta muito.

O que vale muito em Lokas são as piadas e a retratação de alguns modos de vida gay. O longa traz ainda a proposição de novos modelos de famílias não-heterossexuais. Muitas das cenas demonstram a aceitação de Pedro à relação de seu avô de forma bastante natural. O que é muito positivo. Tanto que não seria exagero dizer que este não é bem um filme gay, e sim um filme sobre gays que pode ser assistido por toda a família.

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