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Filme “Pra lá de Gay” retrata diferenças entre Paradas Gays ao redor do mundo

O filme "Pra lá de Gay – As Paradas Pelo Mundo", exibido no 17º Festival MixBrasil, é fascinante. Dirigido e roteirizado por Bob Christie, o longa é estrelado por Ken Koolen, organizador da Parada de Vancouver. Koolen esteve no Brasil este ano. Em 2007, o canadense também veio ao país. Na ocasião, filmou a maior Parada Gay do mundo – a de São Paulo.

Mais registro, menos documental, o longa é rico em histórias mas fraco em dados e informações. O interessante é que apresenta as diferenças entre as Paradas ao redor do mundo. Enquanto em São Paulo é aquele vuco-vuco que todos conhecemos, a de Vancouver, por exemplo, é de uma polianice e caretice tremendas. As pessoas ficam na rua assistindo a um desfile de poucas bichas. É quase como se estivessem assistindo a uma Corrida de São Silvestre, só que sem emoção. Cerca de 530 mil pessoas compareceram.

O interessante é que as Paradas são melhores e muito mais simbólicas em países onde a homofobia é muito cruel e os adversários da causa gay são de extrema-direita, apoiados pelos governos. Caso de Polônia e Moscou e, mais extremo ainda, do Sri Lanka, onde a homossexualidade é perseguida.

Na Polônia, cerca de 4 mil comparecem a manifestação. Dois mil guardas fizeram a segurança. Não haviam pessoas assistindo ao ato mas, em compensação, grupos reacionários gritavam palavras de ordem como: "Polônia Unida, Polônia Católica, Polônia Sem Bichas". Para efeito de comparações, para a Parada Gay de São Paulo em 2007 um efetivo de 1.400 policiais fizeram a segurança do evento que reuniu mais de 3 milhões de pessoas. Isso segundo Xande, presidente da Parada, que disse à equipe do filme.

Koolen ficou assustado diante da imensidão da Parada Gay de São Paulo.  Flagrou um jovem apanhando e a polícia usando uma bomba de gás lacrimogênio. Ainda fez cenas na Feira Cultural LGBT, naquele ano realizada na Praça da República, e foi à boate The Week, onde agradecia a hospitalidade dos brasileiros e, com os pés enfiados na piscina do clube paulistano, divertia-se pelo tratamento Vip concedido a uma estrela gay internacional.

Pipa
Sri Lanka, país onde a homossexualidade é perseguida, conta com alguns ativistas da causa LGBT. No entanto, eles temem o que podem acontecer se realizarem uma Parada. Citam o caso de um "estupro corretivo", em que uma lésbica foi violentada de maneira odiosa. E de um rapaz gay perseguido por uma multidão, que foi morto no meio da rua. .

Um dos principais líderes diz que perdeu 13 amigos vitimados pela homofobia. A forma dos homossexuais se manifestarem então foi uma solução criativa. Em uma praia, ativistas empinam pipas com as cores do arco-íris. "É nossa forma de dizer ao mundo que estamos aqui, voamos alto e não vamos sair".

Repressão
Nicolai Alexeyev também esteve no Brasil no ano de 2007. Koolen, ao se encontrar com ele aqui em São Paulo, disse que se sentia como se estivesse indo visitar a Madonna, tamanho seu nervosismo. O canadense então foi para Moscou filmar a Parada Gay. Em 2006, a manifestação foi marcada por situações de extrema violência.

Para aquele ano, então, a solução foi despistar a imprensa e os reacionários. Prometeram um ato em frente a prefeitura, mas programaram um ato secreto em outro local da cidade. A equipe de Koolen só teve conhecimento de onde seria a manifestação no dia da Parada – então eles se dividiram.

A ação, programada por cerca de 10 pessoas em um pequeno apartamento de Moscou, reuniu cerca de 200 pessoas em frente ao conservatório musical Tchaikovsky. A escolha era porque o compositor russo foi notadamente homossexual e perseguido pelo regime do período em que viveu. O grupo então, liderado por Nicolai, caminhou por 10 minutos por meio quarteirão e as pessoas se dispersaram, fingindo não se conhecerem.

Do outro lado da cidade, em frente a prefeitura, o prefeito dizia à imprensa que a Parada Gay não seria realizada.  Um cartaz foi estendido pedindo igualdade entre gays e heterossexuais. Rapazes de extrema direita vaiaram o banner. Um chegou a atirar um ovo. Outro tomou a iniciativa de tirá-lo do prédio. Foi fortemente aplaudido e agradecido.

Um rapaz, explicando à equipe do filme sobre o ato em frente ao conservatório, falou as palavras LGBT e foi agredido. Apanhou de uns cinco ou seis homens, agredido com socos e pontapés. No final, o grupo reuniu-se no apartamento para comemorar o sucesso da manifestação.

O jovem agredido classificou aquele dia como histórico para a Rússia. Com o rosto marcado por hematomas roxos e inchado disse: "Só eu apanhei, mas este ano os policiais me defenderam. Só olharam meu documento e me deixaram ir embora. Este ano prenderam os homofóbicos, o que era inimaginável até o ano passado".

Personagens
Vale citar ainda que o filme conta com depoimentos e personagens interessantes. Entrevistaram Gilbert Baker, criador da bandeira do Arco-Íris, que diz ter inventado o símbolo por sentir a necessidade de algo que representasse a comunidade gay e saísse diretamente dela, diferente do triangulo rosa invertido.

No Brasil, Franco Reinaudo, atual coordenador da Cads – Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual – foi um dos que deu sua contribuição ao longa. Xande também deu uma entrevista, durante a manifestação. Silvetty Montilla apareceu entrevistando Koolen.

Marcha Drag
Em Nova York, o documentário registra uma edição da Marcha Drag, resultado de um racha dentro do coletivo de veteranos de Stonewall que organiza a Parada Gay propriamente dita. Com a proibição de drags de participarem do desfile, as montadas resolveram fazer seu próprio evento.

Cerca de seis mil pessoas se juntam e caminham até a frente do bar Stonewall Inn.

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