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Filmes pornôs heterossexuais também fazem o fetiche de gays

Eta, eta, eta, tem  pau e tem buce…

Ao lado de Madonna e Cher, filmes héteros também têm espaço reservado na estante de DVDs de alguns gays

Primeiro beijo a gente nunca esquece. E Pedro** nunca esqueceu o seu. Era ainda jovem quando decidiu assistir filme pornô na casa de seu vizinho. Filme hétero na tela, dois jovens se masturbando e, por fim, o primeiro beijo dos adolescentes.

Assim como para Pedro e seu vizinho, a descoberta da homossexualidade muitas vezes se dá através de filmes pornôs voltado ao público heterossexual.  É a velha (e boa) olhadinha mais focada no homem.

Se quando jovem, a pornografia hétero serve de disfarce. Depois, vira gosto pornográfico. Pedro, por exemplo, ainda prefere filmes heterossexuais aos específicos para gays. "É questão de gosto. Dificilmente um filme gay consegue me dar o mesmo tesão que um filme hétero. É horrível ver os caras de pau murcho ou a falta de tesão deles na cena", observa o rapaz, atualmente com 22 anos.

A reclamação de Pedro é quase um coro entre os entrevistados de A Capa. O fato do passivo, em sua grande maioria, não ficar excitado durante o ato sexual acaba por brochar o telespectador. "É impossível acreditar que o cara está curtindo a foda se o pau dele nem duro está. Como posso me imaginar em seu lugar. Parece que não queria estar ali", dispara Alberto, 25 anos, outro fã de filmes heterossexuais.

O moço afirma ainda que a pornografia heterossexual, tanto no Brasil quanto no exterior, é melhor produzida. "Acredito que as produtoras acham mais homens interessados em fazer filme héteros do que gays. A falta de opção ou quantidade de gays dispostos a fazer pornografia deve ser menor, pois em uma boa parte dos filmes, os meninos ou são héteros ou bissexuais". 

"Mesmo em filmes das principais produtoras gays, temos uma qualidade inferior aos heterossexuais. Tanto Bel Ami quanto Falcon têm filmes on-de os caras não atuam legal, ficam de pau mole, a cena parece cortada toda hora. É um saco", afirma Alberto, que relata gostar de filmes gays com atores como François Sagat e Lucas Ridgestone.

FETICHE?!
Pedro confessa ainda que o velho fetiche na masculinidade heterossexual também o atrai em filmes héteros. "Também adoro ver o tesão que o cara tem em comer uma mulher. É mais macho. Viril. O cara faz com desejo, vontade. Não por obrigação". E ele não está só. Inúmeros gays sonham em transar com heterossexuais.  

A quantidade é tanta que existem um mercado paralelo especificamente para eles. Como em média 80% dos filmes heterossexuais comuns eram focados em exibir a mulher, criou-se um gênero de filmes héteros que passa a ser focado no homem. É um casal – homem e mulher – transando, mas onde o foco das imagens fica no homem, com intuito de agradar os gays e mulheres.  O site Straight Guy for Gay Eyes (Cara hétero para um olhar gay, em tradução livre) é exemplo desse nicho. Com slogan de "Pornografia hétero para gays", o site faz sucesso na internet.

"É um site hétero feito para gays. Nele é possível encontrar lindos e gostosos homens fazendo sexo com mulheres. Mas a câmera privilegia cada momento, músculo, gota de suor do cara e não foca na mulher", explica Jake Cruise, proprietário do site Straight Guy for Gay Eyes.

Jake não é único a atacar esse (lucrativo) nicho de mercado. Outros sites também fazem sucesso. Mais recentemente foi lançado um site em que belos e sarados jovens, heterossexuais, claro, ficam fechados em uma mansão. Lá eles fazem show para os assinantes de hora em hora. Só podem andar pelados e, meio que meninos, fazem piadas e brincadeiras, tais como competição de quem goza mais rápido. Em pouco tempo, virou sucesso na rede. 

Por aqui, o mercado ainda não se desenvolveu. Mas a maioria dos atores nacionais de filmes gays ou mesmo os garotos de programas sempre fazem questão de dizer que são (e, de fato, são) heterossexuais.

Como Jake Cruise diz, "se eles são héteros, bi ou gays, eu não sei e não me importo. Tudo que sei é que eles adoram comer uma menina e eu adoro ver eles fuderem".  Afinal, não podemos esquecer, eles são atores!

* Matéria originalmente publicada na edição #15 da revista A Capa – Agosto de 2008
** A pedido dos entrevistados, os nomes originais foram alterados.

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