Na madrugada da última sexta-feira (19), Denilson Alves Batista, 23, estava com dois amigos em um bar no Segundo Distrito, bairro de Santo André, no ABC paulista, tomando cerveja. Por volta das 3h, resolveram ir embora. Como era tarde, Denilson resolveu acompanhar um dos amigos até metade do caminho.
Quando seguiam em direção à Praça do Bocha, dois indivíduos passaram de moto e um deles gritou: "loiro viado do caralho". Neste momento, relata Denilson, seu amigo revidou os xingamentos.
Um deles chegou a agredir Denilson na cabeça com um capacete. "Fiquei desnorteado, quando consegui dar por mim, enfiei um soco na boca do cara, que perdeu um dente. Depois disso, os outros caras vieram para cima e me agrediram até desmaiar", conta.
Assustado, o amigo de Denilson fugiu. Por conta de chutes que levou no rosto, Batista teve o queixo rasgado e levou cinco pontos. À reportagem do site A Capa, Denilson contou que foi socorrido por causa de uma mulher que passava na praça e o viu na calçada desmaiado. A Polícia Militar encaminhou o jovem para o Hospital Bangu, onde ele enfrentaria mais uma situação homofóbica.
"Quando os PMs me levaram para a enfermaria, um deles falou: ‘encontramos este viado jogado no chão’. Eu disse que não era bem assim, que eu tinha sido vítima de agressão homofóbica e pedi para que o policial saísse da enfermaria para eu levar pontos", afirma Denilson. Ao pedir para o PM sair, houve um início de confusão e Denilson foi levado para a delegacia sem curativo no queixo.
Na delegacia, Denilson contou que foi tratado com descaso. "O delegado nem quis tomar o meu depoimento, só levou em conta o que os policiais falaram. Também não quis registrar como agressão homofóbica, apenas como uma briga comum", denuncia o jovem.
Denilson Alves é presidente da secretaria LGBT da União Nacional dos Estudantes (UNE) e revela que estar do outro lado foi "horrível". "A gente escuta histórias e nunca acha que vai acontecer com a gente", constata. Além das dores que ainda sente pelo corpo, o jovem não se conforma que a agressão tenha sido motivada pelo cabelo.
"O que mais me revolta é que tudo começou por causa do meu cabelo (loiro platinado e raspado nas laterais). Neste momento, estou com mais medo e estou me privando de certos horários. Estou me limitando e só vou me produzir mais quando for a São Paulo. Estes dias estou andando de touca", lamenta Denilson.
"Estou com medo de reencontrá-los [os agressores], até porque agredi um deles e este pode estar com raiva de mim", afirma Denilson, que, apesar da situação, diz que não vai abandonar a política e que tal acontecimento o fortalece para continuar no ativismo.
Veja abaixo imagens de Denilson após a agressão. ATENÇÃO: As fotos são fortes e podem impressionar.